Os menores de idade no Haiti são vítimas de recrutamento, ataques e agressões sexuais, principalmente por gangues, denunciou a Anistia Internacional (AI) em um relatório nesta quarta-feira (12).
A ONG identificou três formas de violência que classificou como "abusos contra os direitos humanos" das crianças no Haiti: recrutamento e uso de menores, violência sexual e homicídios e lesões.
Segundo o relatório, mais de um milhão de menores vivem em áreas controladas por gangues criminosas ou sujeitas à sua influência, em um país que sofre uma grave crise política, humanitária e de segurança.
A AI coletou informações sobre 14 menores que foram recrutados por gangues para espionar grupos rivais e a polícia, fazer entregas e tarefas domésticas ou trabalhar.
Esta é uma participação forçada pela "fome ou medo", acrescentou.
As meninas também foram vítimas de sequestros, estupros e outras agressões sexuais durante incursões de gangues ou depois que um grupo armado assumiu o controle de uma área, disse o relatório.
A AI entrevistou 18 meninas que foram vítimas de violência sexual, incluindo dez que foram estupradas em grupo. Várias delas engravidaram e recorreram a métodos inseguros para interromper a gravidez, já que o aborto é ilegal no Haiti.
Os menores também são feridos ou mortos durante incursões de gangues em alguns bairros.
"A violência relacionada a gangues se tornou uma realidade tão diária que não é raro encontrar várias vítimas na mesma família ou que uma mesma vítima tenha sofrido vários ataques", diz o relatório.
Ataques a escolas e hospitais e negação de acesso à ajuda humanitária também foram relatados.
O relatório é baseado em pesquisas realizadas entre maio e outubro de 2024 e entrevistas com 51 menores de 10 a 17 anos e 15 pais.
O Haiti é liderado por um governo de transição que luta contra a violência extrema de gangues criminosas que, segundo a ONU, controlam 85% da capital, além da crise política.
Pelo menos 5.601 pessoas morreram no Haiti no ano passado em consequência da violência de gangues, 1.000 a mais do que em 2023, de acordo com a ONU.
* AFP