O presidente afastado da Coreia do Sul, Yoon Suk-yeol, foi preso na manhã de quarta-feira (15) no horário local (noite desta terça-feira 14 no Brasil), em sua residência, após uma operação que durou quase seis horas.
Membros da guarda presidencial do chefe de estado sul-coreano, tentaram impedir a ação. Ele é investigado pela tentativa fracassada de impor a lei marcial no país.
Os agentes do Escritório de Combate à Corrupção (CIO), órgão que centraliza as investigações de Yoon, possuíam mandados que incluem uma ordem de captura, informou a agência de notícias Yonhap.
Durante a ação, o advogado de Yoon, Seok Dong-hyeon, anunciou em uma rede social que o presidente concordou em se apresentar na sede do escritório.
Mais cedo, Yeol não compareceu à primeira sessão do julgamento do pedido de afastamento. Em razão disso, o andamento do impeachment foi adiado. Após o encerramento da sessão, que durou apenas quatro minutos, a polícia foi autorizada a entrar na residência oficial do presidente para prendê-lo.
De acordo com o portal g1, o presidente afastado foi encaminhado ao Centro de Detenção de Seul, onde ficará em uma cela solitária.
A ordem judicial vigente permite sua retenção por no máximo 48 horas. Para que ele siga sob custódia, os investigadores precisam solicitar outro mandado de prisão. A equipe jurídica de Yoon criticou reiteradamente o mandado como ilegal.
Resistência
Antes da confirmação da prisão, correspondentes da AFP presenciaram algumas brigas no portão, onde os apoiadores ferrenhos de Yoon estavam acampados para protegê-lo, enquanto as autoridades conseguiam entrar pela primeira vez no complexo.
Legisladores do Partido do Poder Popular de Yoon também correram para a área em uma aparente tentativa de defender o presidente afastado, segundo os profissionais da AFP.
Seus apoiadores gritavam "mandado ilegal!" enquanto agitavam bastões luminosos e bandeiras sul-coreanas e americanas. Alguns estavam deitados no chão do lado de fora do portão principal do complexo residencial.
Policiais e oficiais do CIO começaram a removê-los da entrada à força, enquanto cerca de 30 legisladores do partido de Yoon também bloqueavam os investigadores, segundo a emissora Yonhap News TV.
Os seguranças de Yoon instalaram arame farpado e barricadas em volta da residência, transformando-a no que a oposição chamou de "fortaleza".
Devido à situação tensa, a polícia decidiu não portar armas de fogo, mas usar apenas coletes à prova de bala na nova tentativa de executar o mandado nesta quarta, caso fossem recebidos por guardas armados, informou a mídia local.
Lei marcial
Yoon foi afastado de suas funções e está sendo investigado por ter instaurado a lei marcial em 3 de dezembro, por um breve período. O objetivo, segundo ele, era proteger o país das "forças comunistas norte-coreanas" e "eliminar os elementos hostis ao Estado".
Duas horas depois, cerca de 190 deputados conseguiram entrar no parlamento, apesar da resistência dos militares, e aprovaram uma moção reivindicando a suspensão da lei marcial. Pressionado pelos deputados, por milhares de manifestantes pró-democracia e forçado pela Constituição, Yoon teve de recuar.
Em 14 de dezembro, ele foi afastado de suas funções por meio de uma moção de destituição. Em 3 de janeiro, o PSS já havia impedido uma primeira tentativa de deter Yoon.