O jornalista independente americano Sam Husseini foi retirado à força da coletiva de imprensa de despedida do secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, realizada na quinta-feira (16).
O chefe da diplomacia do governo Joe Biden falava sobre a aprovação do acordo de cessar-fogo em Gaza quando a confusão começou. Jornalistas críticos do apoio dos EUA a Israel, como Husseini, interromperam repetidamente a entrevista.
— Todo mundo, da Anistia Internacional Internacional à ICJ (Corte Internacional de Justiça), diz que Israel produz genocídio e extermínio. E você está me dizendo para respeitar o processo. Criminoso! Por que vocês não estão em Haia? — gritou Husseini, enquanto era carregado por agentes de segurança para fora da sala da coletiva de imprensa.
É bom lembrar que Haia, na Holanda, é onde fica o Tribunal Penal Internacional, organismo internacional permanente, com jurisdição para investigar e julgar indivíduos acusados de genocídio, crimes contra a humanidade, crimes de guerra e crime de agressão.
Blinken havia tentado conter Husseini, que tem origem palestina, antes de os agentes de segurança chegarem. Outro jornalista americano, Max Blumenthal também questionou o secretário de Estado.
— Por que você continuou a lançar bombas quando tínhamos um acordo em maio? Por que você permitiu que o Holocausto do nosso tempo acontecesse? Como é ter seu legado de genocídio? — disse Blumenthal, que deixou o local de maneira pacífica.
Husseini comentou sobre o episódio em sua conta no X, ex-Twitter. Disse que foi "seriamente maltratado", mas que já estava em casa.
— Obrigado a todos pelo apoio, pessoal. Minha intenção era fazer perguntas difíceis em todas as oportunidades durante a coletiva de imprensa, que claramente foi interrompida pelo pessoal do governo.
Blinken tem sido vaiado em aparições em Washington desde o começo do conflito em Gaza, em 7 de outubro de 2023, quando o Hamas atacou Israel, matando cerca de 1,2 mil pessoas e fazendo cerca de 250 reféns, conforme contagens israelenses. Ao todo, a guerra na Faixa de Gaza deixou ao menos 46 mil mortos.
Após a confusão, Blinken seguiu a coletiva, expressando confiança de que a implementação do cessar-fogo em Gaza vai começar neste domingo (19). O acordo ratifica o início da trégua e a libertação dos primeiros reféns por ambas as partes. Blinken deixa o cargo nesta segunda-feira (20), quando o governo do presidente eleito Donald Trump assume.