O Ministério das Relações Exteriores de Israel afirmou no domingo (5) que ajudou um ex-soldado do país a deixar o Brasil em segurança, em um voo comercial, após a abertura de uma ação legal contra ele por um grupo que acusa israelenses de crimes de guerra na Faixa de Gaza. A ação da Fundação Hind Rajab (HRF, na sigla em inglês) foi feita com base, em parte, em postagens nas redes sociais de militares.
O ministério ainda alertou os israelenses a evitarem postar sobre seu serviço militar nas redes sociais. E em nota divulgada neste domingo, o governo de Israel ressaltou que o país está exercendo seu direito à autodefesa, após o "massacre brutal cometido pelo grupo terrorista palestino Hamas, em 7 de outubro de 2023".
"Os verdadeiros perpetradores de crimes de guerra são as organizações terroristas, que exploram populações civis como escudos humanos e utilizam hospitais e instalações internacionais como infraestrutura para atos de terrorismo direcionados a cidadãos israelenses", diz um trecho do comunicado.
A Fundação Hind Rajab, nomeada em homenagem a uma menina palestina de cinco anos morta em Gaza, disse que as autoridades brasileiras começaram investigação contra o soldado após a apresentação de uma denúncia baseada em vídeos, dados de geolocalização e fotografias que o mostram participando da demolição de casas civis.
A fundação descreveu a medida como um "passo fundamental para a responsabilização por crimes cometidos em Gaza" durante quase 15 meses de guerra.
As autoridades brasileiras não comentaram imediatamente. No sábado (4), foi divulgado que a investigação foi ordenada por um juiz federal de plantão no Distrito Federal. A decisão foi emitida em 30 de dezembro, mas só foi divulgada no fim de semana.
Israel tem enfrentado críticas internacionais em razão da guerra contra o Hamas em Gaza, com o Tribunal Penal Internacional emitindo mandados de prisão contra o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e seu ex-ministro da defesa.
O Tribunal Internacional de Justiça está investigando separadamente alegações de genocídio. O caso no Brasil levantou a possibilidade de que soldados israelenses de baixo escalão também possam enfrentar processos judiciais enquanto estiverem no Exterior.
Israel rejeita as acusações internacionais, afirmando que as forças em Gaza agem de acordo com o direito internacional e que quaisquer violações são punidas dentro de seus sistemas judiciais.
O governo israelense culpa o Hamas pelas mortes de civis, dizendo que o grupo terrorista esconde túneis e outras infraestruturas em edifícios residenciais, tornando necessária sua demolição.
Como começou
A guerra começou quando terroristas liderados pelo Hamas invadiram o sul de Israel em 7 de outubro de 2023, matando cerca de 1,2 mil pessoas, a maioria civis, e sequestrando cerca de 250.
Cerca de cem reféns ainda estão em Gaza, e pelo menos um terço deles são considerados mortos.
Ataques aéreos israelenses no domingo mataram cinco pessoas no campo de refugiados de Nuseirat, quatro na cidade de Khan Younis, no sul, e três no campo de refugiados de Bureij, segundo trabalhadores de saúde.
O exército de Israel declarou ter atacado um centro de comando do Hamas em Khan Younis e um militante da Jihad Islâmica em Deir al-Balah.