O Ministério da Justiça e Segurança Pública determinou a retirada das algemas de brasileiros que foram deportados dos Estados Unidos no voo que pousou em Belo Horizonte na noite de sábado (25). Durante a conexão em Manaus, a aeronave do governo americano que transportava o grupo apresentou falha. Os Estados Unidos pretendiam enviar outro avião, mas o ministro Ricardo Lewandowski não aceitou em razão das condições de transporte, com uso de algemas e correntes. A pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) concluiu o trajeto até a capital de Minas Gerais.
Para o trecho nacional da viagem, o governo definiu que os passageiros não precisariam utilizar algemas, já que não são considerados criminosos no território brasileiro. Essa, no entanto, não foi a primeira vez que pessoas brasileiras deportadas dos Estados Unidos foram algemadas e acorrentadas pelas autoridades americanas.
Em maio de 2021, por exemplo, um voo de deportados pelo governo Biden também chegou a Belo Horizonte na mesma condição. Todos os 30 brasileiros, que estavam detidos após entrarem no país de forma ilegal, viajaram com mãos e pés acorrentados por determinação das autoridades americanas.
Em setembro do mesmo ano, o governo americano solicitou ao Brasil autorização para ampliar a frequência de voos de deportação ao país para três vezes por semana (até então, havia a autorização para apenas um). Na época, o Itamaraty concordou com dois voos semanais e pediu aos EUA que os deportados não fossem algemados. O Itamaraty destacou ainda, na ocasião, que a maioria dos cidadãos deportados não possui condenação criminal prévia e não representa ameaça à segurança da aeronave.
Porém, a situação voltou a se repetir. Em 26 de janeiro de 2022, homens e mulheres foram algemados na frente dos filhos em um voo que chegou ao Brasil, segundo relatos obtidos pela Folha de S. Paulo.
A utilização de algemas é uma determinação dos Estados Unidos em voos de deportação, independentemente do país de origem dos imigrantes. Os EUA receberam as preocupações do Brasil em relação à questão, mas informaram que se trata de uma questão de segurança.