Chegou em Manaus na noite de sexta-feira (24) um grupo de brasileiros que foram deportados dos Estados Unidos após o início da "maior operação de deportação massiva da história". As 88 pessoas ingressaram no país algemadas e acorrentadas. Foram relatados ainda maus-tratos por parte de agentes norte-americanos.
De acordo com os relatos das vítimas, os funcionários da imigração dos EUA chegaram a agredir e ameaçar os passageiros.
— Algumas pessoas foram agredidas. Foram chutes. Um agente deu um mata-leão em um dos meninos até ele desmaiar — disse Luis Fernando Caetano Costa, um dos deportados ao Estadão.
O mesmo aconteceu com Carlos Vinícius de Jesus, 29 anos, natural de Vespasiano, região metropolitana de Belo Horizonte.
— Foi terrível, vim preso nos braços, nas pernas e na cintura, eles não respeitaram a gente. Bateram em nós. Disseram que iam deixar derrubar o avião e que o nosso governo não era de nada — relatou o mineiro em entrevista ao portal g1.
Além das agressões, também houve relatos de uma "emboscada" para a deportação. A brasileira Sandra Pereira de Souza, 36 anos, contou que ela, o marido Alisdete Gonçalves dos Santos, 49 anos, e dois filhos, viviam há três anos e meio no país e que, apesar de terem entrado ilegalmente, cumpriam todas as obrigações com a imigração.
De acordo com o relato dela ao g1, a deportação não foi informada e eles não conseguiram sequer pegar os seus pertences.
As más condições de voo também foram muito relatadas pelos passageiros.
— Ficamos três horas parados no Panamá porque o avião estava com problema. Eles davam partida, mas o motor desligava. Perto de Manaus, todo mundo percebeu que o avião estava com problema. Todo mundo ficou muito nervoso — relatou Denilson José de Oliveira, 26 anos, ao Estadão.
Espera em Manaus
Em razão das falhas na aeronave, foi necessário fazer uma pausa em Manaus.
Durante a inesperada escala na capital amazonense, deportados brasileiros receberam atendimento médico, alimentação e água. Também foram oferecidos colchões para que as pessoas pudessem descansar.
Ao g1, a secretária estadual de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania (Sejusc), Jussara Pedrosa, afirmou que a principal demanda dos passageiros é o atendimento digno.
O Corpo de Bombeiros do Amazonas também prestou apoio durante a operação, com serviços de enfermagem.