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Bombardeios israelenses na Faixa de Gaza mataram pelo menos 72 pessoas após o anúncio de um acordo de cessar-fogo entre Israel e o grupo extremista Hamas na quarta-feira (15), segundo o ministério da Saúde de Gaza, que é controlado pelo Hamas e não diferencia terroristas de civis.
Em guerras anteriores, os dois lados só pararam com as operações militares nas horas finais antes da trégua começar, como uma forma de projetar força. Caso os detalhes finais da trégua sejam concretizados, o cessar-fogo deve ser iniciado no domingo (19).
O ministério da Saúde de Gaza afirmou que o número de mortos pode aumentar.
— Ontem (quarta-feira) foi um dia sangrento e hoje está sendo ainda mais — apontou Zaher al-Wahedi, diretor do departamento de registros da pasta.
O gabinete de Israel deveria votar se aprovava o cessar-fogo nesta quinta-feira (16), mas o primeiro-ministro, Binyamin Netanyahu, ainda não convocou os ministros para a votação, alegando divergências de última hora com o Hamas. Izzat al-Rishq, um oficial do grupo extremista, afirmou que o grupo estava comprometido com o acordo.
Acordo
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e outros líderes anunciaram na quarta-feira um acordo de trégua entre o grupo terrorista e Israel. Os negociadores continuam trabalhando nos detalhes finais do documento, incluindo listas de prisioneiros palestinos que seriam libertados em troca de reféns em Gaza.
Em Israel, alguns membros linha-dura do governo de Netanyahu se opuseram ao acordo. Mas a trégua deve ser aprovada sem o apoio dos dois partidos de extrema direita da coalizão.
Em uma declaração, o Hamas chamou o acordo de cessar-fogo de uma "conquista para o nosso povo" e elogiou a resiliência dos moradores de Gaza. Khalil al-Hayya, um líder sênior do Hamas, elogiou novamente os ataques liderados pelo grupo extremista que levaram à guerra.
Quais as fases do acordo
O acordo envolve a trégua nos conflitos e a libertação de reféns e prisioneiros. São três fases:
Primeira fase
Terá 42 dias de duração e prevê:
- Libertação gradual de 33 reféns capturados em Israel ao longo de um período de seis semanas, incluindo mulheres, crianças, idosos e civis feridos. Entre eles estariam cinco soldados israelenses.
- Em troca, serão liberados 50 prisioneiros palestinos, incluindo 30 terroristas condenados que estão cumprindo penas perpétuas;
- Ao final da primeira fase, todos os reféns civis – vivos ou mortos – terão sido libertados;
- Forças israelenses se retirariam dos centros populacionais de Gaza
- Palestinos seriam autorizados a começar a retornar para suas casas no norte do enclave;
- Está previsto, ainda, um aumento na ajuda humanitária, com cerca de 600 caminhões entrando a cada dia no local.
Segunda fase
- Os detalhes ainda devem ser negociados durante a primeira fase.
- Acordo não inclui garantias por escrito de que o cessar-fogo continuará até que um novo compromisso seja alcançado, sinalizando que Israel poderia retomar sua campanha militar após o término da primeira fase.
Terceira fase
- Corpos dos reféns restantes seriam devolvidos em troca de um plano de reconstrução de três a cinco anos que seria executado em Gaza sob supervisão internacional.