Rebeldes liderados por grupos islamistas derrubaram neste domingo (8) o regime do presidente sírio, Bashar al-Assad, que vigorava há 24 anos. O ditador e a família deixaram a capital Damasco para destino ainda desconhecido.
A comunidade internacional, incluindo organizações mundiais e países, se manifestaram e pediram estabilidade após queda de Assad. Um dos principais aliados da ditadura na Síria, a Rússia afirma que o líder teria instruído para uma transferência pacífica de poder. O primeiro-ministro da Síria, Mohammad Ghazi al-Jalali, disse estar disposto a cooperar com qualquer nova "liderança" eleita pelo povo.
O líder do grupo islamista radical Hayat Tahrir al Sham (HTS), Abu Mohammad al Jolani, pediu a seus combatentes que não se aproximem das instituições públicas e afirmou que devem permanecer sob a autoridade do primeiro-ministro até a "transferência oficial" do poder.
ONU: esperança cautelosa
O enviado da ONU para a Síria chamou a tomada do poder pelos rebeldes de um "ponto de virada" em um país devastado por 14 anos de guerra civil.
— Esperamos, com esperança cautelosa, o início de um novo (capítulo): de paz, reconciliação, dignidade e inclusão para todos os sírios — disse o emissário Geir Pedersen.
Brasil: preocupação
O governo brasileiro diz acompanhar com preocupação a escalada de hostilidades na Síria. O Itamaraty, por meio de nota divulgada no último sábado (7), afirma que "o Brasil apoia os esforços para solução política e negociada do conflito na Síria, que respeitem a soberania e a integridade territorial do país". O ministério orienta que brasileiros deixem a região.
UE: acontecimento positivo
— O fim da ditadura de Assad é um acontecimento positivo e muito esperado. Também mostra a fragilidade dos patrocinadores de Assad, Rússia e Irã — disse em rede social a chefe da diplomacia da União Europeia, Kaja Kallas.
China: estabilidade
O governo chinês "acompanha de perto o desenvolvimento da situação na Síria e espera que a Síria volte à estabilidade o mais rápido possível", afirma o Ministério das Relações Exteriores.
Irã: diálogo
Diplomatas do Irã, país aliado de Bashar al-Assad, supostamente abandonaram a embaixada em Damasco antes que a representação fosse atacada por "indivíduos desconhecidos" neste domingo, informou a televisão estatal iraniana.
No último sábado (7), o chanceler iraniano, Abbas Araqchi, exigiu um "diálogo político" entre o governo sírio e os grupos da oposição.
Turquia: mergulhado no caos
O chanceler turco, Hakan Fidan, afirmou que a queda do regime de Assad não foi repentina, e sim, o resultado da guerra civil.
— Isto não aconteceu em uma noite. Nos últimos 13 anos, o país está mergulhado no caos — disse Fidan.
Israel: dia histórico
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, qualificou a derrubada de Bashar al-Assad na Síria como um "dia histórico no (...) Oriente Médio" e a queda de um "elo central do eixo do mal" dirigido pelo Irã.
EAU: trabalhem juntos
O governo dos Emirados Árabes Unidos pediu aos sírios que colaborem para evitar uma espiral de caos.
— Esperamos que os sírios trabalhem juntos, que não observemos outro episódio de caos iminente — afirmou o conselheiro presidencial Anwar Gargash.
França: união
Ao celebrar o fim do regime de Assad, a França fez um apelo para que os sírios "rejeitem qualquer forma de extremismo".
— O regime (de Bashar al-Assad) nunca parou de colocar os sírios uns contra os outros e a Síria está fraturada e fragmentada, chegou o momento de união — disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Christophe Lemoine, que ainda pediu uma transição política pacífica.
Alemanha: proteção total
— Agora, o país não deve cair nas mãos de outros radicais, independente da forma que tiverem — disse a ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock.
Baerbock pediu "proteção total para as minorias étnicas e religiosas, como os curdos, alauitas ou cristãos", e um regime político inclusivo.
Espanha: solução pacífica
A Espanha apoiará "que qualquer solução para o futuro da Síria seja uma solução pacífica (...) em benefício do povo sírio, que de alguma forma proporcione uma nova estabilidade ao Oriente Médio e não mais instabilidade", disse o chanceler espanhol, José Manuel Albares.
Reino Unido: regime selvagem
O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, afirmou em um comunicado que "o povo da Síria sofreu sob o regime selvagem de Assad por muito tempo" e que o Reino Unido celebra sua queda.
— Nosso objetivo agora é garantir que prevaleça uma solução política, e que a paz e a estabilidade sejam restauradas — acrescentou Starmer, que pediu proteção para "civis e minorias".
Trump: Assad foi embora
O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, atribuiu a queda de Assad à perda de apoio por parte da Rússia.
"Assad foi embora", escreveu Trump em sua plataforma Truth Social. "Seu protetor, Rússia, Rússia, Rússia, liderada por Vladimir Putin, não estava mais interessado em protegê-lo".
O comentário foi feito depois que o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Sean Savett, afirmou em um comunicado que o presidente Joe Biden acompanhava de perto os "acontecimentos extraordinários" na Síria e que estava em contato com aliados regionais.