O presidente do Irã, Masoud Pezeshkian, de 70 anos, está no poder da nação desde julho deste ano. Ele assumiu o cargo com a promessa de um país menos isolado economicamente, e com um discurso contra os conflitos que assolam o Oriente Médio. No entanto, as decisões finais sobre questões de Estado são tomadas pelo líder supremo do país, o aiatolá Ali Khamenei.
Na semana passada, inclusive, o líder sinalizou não querer guerra com Israel, apesar da desavença histórica entre as duas nações.
— Não queremos guerra, e sim viver em paz. Não queremos ser a causa da instabilidade na região — disse Pezeshkian, em coletiva recente na sede da ONU.
Mesmo assim, nesta terça-feira (1º), o Irã disparou mísseis balísticos contra Tel Aviv e Jerusalém. O ataque é uma resposta ao início da invasão terrestre israelense no Líbano e à morte de Hassan Nasrallah, líder do Hezbollah — grupo libanês de grande influência e financiado pelo regime iraniano.
Histórico como médico e ministro da Saúde
Nascido no Azerbaijão Ocidental, Pezeshkian é um cirurgião cardíaco, que também trabalhou na área da educação e tem uma longa carreira política.
Entre 2001 e 2005, foi o ministro da Saúde do governo de Mohammad Khatami.
Em 2013 e 2021, o político participou da corrida eleitoral à presidência. Na primeira oportunidade, desistiu da candidatura para apoiar outro nome.
Posteriormente, foi desqualificado pelo Conselho dos Guardiões, um órgão formado por clérigos e juristas. Isso ocorreu devido a participação de protestos contra o resultado do pleito em 2009, no qual alegou-se interferência nos resultados.
Eleito na terceira tentativa
Na terceira tentativa em ser presidente do Irã, Masoud Pezeshkian venceu o pleito em 5 de julho deste ano, no segundo turno, com 53% dos votos.
Considerado reformista, o político levanta a bandeira de flexibilização em algumas leis tidas como ultrapassadas, mas ainda em vigor em muitos países do Oriente Médio. Uma delas é o relaxamento na medida sobre o uso obrigatório de véu para as mulheres.
Em meio a isso, Pezeshkian não pretende fazer mudanças radicais na teocracia do Irã, em que a palavra final é do líder supremo: aiatolá Ali Khamenei. Por conta da sua posição, é o aiatolá quem tem a palavra final em todas as questões estatais do Irã.
Desejo de acabar com o isolamento do Irã
O governo de Pezeshkian chama a atenção — desde antes do resultado do pleito — pelo discurso que visa acabar com o isolamento do país em relação ao Ocidente.
Parte da população acredita que o chefe de Estado representa uma abertura do Irã para relações com demais países importantes para o comércio e economia.
Inclusive, Pezeshkian solicitou "negociações construtivas" com as potências ocidentais sobre a renovação do acordo nuclear de 2015 — no qual o Irã acordou frear seu programa em troca da diminuição das sanções ocidentais.