Um tribunal guatemalteco iniciou, nesta segunda-feira (27), um julgamento pela suposta divulgação de informações confidenciais contra a ex-procuradora anticorrupção Virginia Laparra, o segundo da ex-funcionária condenada e presa em 2022 por abuso de autoridade, em um caso criticado pela comunidade internacional.
Laparra, 44 anos, era chefe da Promotoria Especial Contra a Impunidade na cidade de Quetzaltenango, no oeste do país, e em 16 de dezembro de 2022 foi condenada a quatro anos de prisão em um polêmico julgamento, acusada de ter denunciado um juiz sem ter poderes para tal.
A Anistia Internacional (AI), que acompanhou o processo contra Laparra, considera-a uma "prisioneira de consciência" e garante que foi detida pelo seu trabalho antimáfia.
A ex-promotora deixou a prisão em liberdade condicional no dia 4 de janeiro. Este segundo julgamento contra Laparra começou em um tribunal de Quetzaltenango com a leitura das acusações, segundo transmissões da mídia local nas redes sociais.
O Ministério Público e os denunciantes acusam a ex-promotora de ter vazado à imprensa, em uma audiência em 2017, informações confidenciais sobre um caso de corrupção, crime punível com até oito anos de prisão.
"Virginia Laparra enfrenta hoje um segundo julgamento por ter investigado a corrupção na #Guatemala. Ninguém deveria sofrer perseguição por defender a justiça", observou a AI em sua conta X.
A ex-promotora foi detida em meio a uma onda de prisões e envio ao exílio de cerca de trinta juízes e ex-promotores que investigavam casos notórios de corrupção no país.
A ação penal foi conduzida pelo Ministério Público liderado por Consuelo Porras, sancionada em 2021 pelos Estados Unidos, que a considera "corrupta" e "antidemocrática".
Porras é também acusada por Washington e pela União Europeia de violar a democracia devido às polêmicas investigações contra as eleições de 2023 que colocaram em risco a posse presidencial, em janeiro passado, do social-democrata Bernardo Arévalo.
Em março passado, Arévalo condecorou Laparra e outras 24 mulheres com a Ordem de Excelência do Trabalho, em um evento realizado no Palácio Nacional, no âmbito do Dia Internacional da Mulher.
* AFP