Um juiz panamenho determinou que 45 migrantes detidos após uma briga que resultou no incêndio de um abrigo na selva do Darién, na fronteira entre a Colômbia e o Panamá, continuem presos enquanto tramita o processo contra eles, informou o poder judiciário nesta terça-feira (5).
Os incidentes ocorreram na madrugada de sábado em um abrigo para migrantes, onde uma discussão entre duas mulheres acabou provocando uma briga generalizada e confrontos com policiais fronteiriços, sem que tenham sido registradas vítimas. Os detidos são 38 venezuelanos, seis colombianos e um equatoriano.
O juiz Carlos Justiniani "aplicou a medida cautelar pessoal de prisão provisória" aos 45 migrantes por "crimes contra a segurança coletiva" e "contra o patrimônio econômico", informou o judiciário em nota.
Nesta terça, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) expressou preocupação com estes incidentes, que atribuiu ao "estresse" dos migrantes após cruzarem a inóspita selva de Darién, a caminho dos Estados Unidos.
A agência da ONU alertou, ainda, que a situação pode se repetir devido ao número recorde de migrantes que chegam vulneráveis a estes abrigos depois de atravessarem uma selva onde, além dos perigos naturais, atuam quadrilhas que atacam e violentam os viajantes.
"Estamos muito consternados e preocupados" com o ocorrido, disse à AFP Diana Romero, especialista em proteção infantil em situações de emergência do Unicef no Panamá.
Segundo a informação oficial, uma dezena de construções leves e alguns veículos foram incendiados no refúgio em San Vicente, perto da cidade de Metetí, 180 km a leste da capital panamenha.
Nestes abrigos, abertos pelo governo panamenho, também há pessoal de organizações internacionais e ONGs, que oferecem serviços básicos aos migrantes.
"Sabemos que os níveis de estresse estavam muito altos e [esta] pode ser uma das motivações que levou a esta situação" de violência, afirmou Romero.
Na segunda-feira, o ministro panamenho da Segurança, Juan Pino, informou que os migrantes que forem condenados por estes incidentes serão deportados o que, na avaliação do Unicef, gera incertezas.
"O que identificamos é que há [mulheres] gestantes e bebês, crianças e obviamente outros familiares que vinham com eles [os detidos]; então, começa uma etapa de muita incerteza, de muita preocupação por parte destas famílias", afirmou a encarregada do Unicef.
Nos dois primeiros meses deste ano, mais de 72.000 pessoas, um quinto das quais é criança, cruzaram o Darién, uma quantidade que supera as 50.000 do mesmo período do ano passado. Quase dois terços são venezuelanos, seguidos de haitianos, equatorianos, colombianos e chineses, segundo dados oficiais.
* AFP