A Ucrânia reivindicou nesta sexta-feira (17) a conquista de várias posições na margem leste do Rio Dnipro, ocupada pelos russos no sul do país, uma operação bem-sucedida após meses de contraofensiva.
"As Forças de Defesa da Ucrânia conduziram uma série de operações bem-sucedidas na margem esquerda do Rio Dnipro", na região de Kherson, anunciou o comando da Marinha ucraniana nas redes sociais.
"As tropas da Marinha ucraniana, em cooperação com outras unidades das Forças de Defesa, conseguiram estabelecer várias cabeças de ponte na região", acrescenta o comunicado, que cita "baixas consideráveis" nas fileiras inimigas.
O anúncio desta sexta-feira (17) é o primeiro êxito reivindicado pelos ucranianos desde a tomada da localidade de Robotyne, na região sul de Zaporizhia, em agosto.
Kiev esperava que a libertação desta cidade permitisse às suas tropas romper as linhas russas e recuperar outras áreas ocupadas, mas o Exército ucraniano foi contido pelo poder de fogo das defesas russas.
Com a tomada de várias posições na margem esquerda do Dnipro, o comando militar ucraniano tem a expectativa de iniciar um ataque maior em direção ao sul. Para isto, no entanto, o país precisa ter a capacidade de mobilizar soldados, veículos e equipamentos em uma área de acesso difícil, repleta de bancos de areia e pântanos.
O chefe do gabinete presidencial ucraniano, Andrii Yermak, informou na terça-feira (14) que as forças de seu país haviam conseguido estabelecer posições na margem esquerda do Dnipro, sem revelar mais detalhes.
A Ucrânia mantém sigilo sobre a dimensão de suas operações em curso, as vitórias e os fracassos. O Kremlin e o ministério russo da Defesa não comentam as informações.
Um avanço nesta região seria muito importante para as tropas ucranianas, visto que a linha de frente está praticamente congelada desde que Kiev conseguiu libertar a cidade de Kherson, capital da região homônima, há um ano.
A frente de batalha da região está delimitada desde então pelo Rio Dnipro, com as forças russas ocupando a margem esquerda e as tropas ucranianas controlando a margem direita.
Inferno de fogo
O governador da parte ocupada pela Rússia da região de Kherson, Vladimir Saldo, admitiu na quarta-feira (15) que dezenas e até centenas de soldados ucranianos haviam conseguido estabelecer posições na margem esquerda do Dnipro, em particular nas proximidades da localidade de Krinki.
Saldo minimizou os avanços, citou o envio de reforços russos e afirmou que as tropas ucranianas estavam enfrentando um "inferno de fogo".
Kiev deseja evitar o efeito pernicioso do cansaço entre os aliados ocidentais com um conflito que já dura quase dois anos, no momento em que grande parte da atenção mundial está voltada para a guerra entre Israel e Hamas.
A Ucrânia é muito dependente do fornecimento de armas e munições americanas e europeias. O país está preocupado com o debate em vários países aliados sobre a conveniência de manter ou reduzir o apoio econômico e militar.
O Kremlin afirma que reorientou a economia russa para a produção de armas e munições. O país recrutou quase 400 mil soldados adicionais desde o início do ano.