Nos Estados Unidos, abriu-se uma nova frente na corrida presidencial de 2024: a ofensiva do Hamas reacendeu as críticas dos candidatos republicanos ao presidente Joe Biden, acusado de não ser forte o suficiente em sua defesa de Israel e sua política em relação ao Irã.
— Esta é uma grande oportunidade para os nossos candidatos estabelecerem um contraste entre os republicanos, que sempre apoiaram Israel, e a fraqueza de Joe Biden — disse Ronna McDaniel, chefe do Comitê Nacional Republicano, no sábado (7), na Fox News.
Em pouco mais de um ano, os americanos escolherão um presidente e decidirão o controle do Congresso. Biden, 80 anos, que concorre a um segundo mandato, poderá enfrentar seu grande rival Donald Trump, atualmente o favorito nas primárias republicanas. O ex-presidente afirmou que o ataque a Israel ocorreu porque os Estados Unidos são vistos "como fracos e ineficazes, com um líder à sua frente realmente fraco".
Outros aspirantes à nomeação republicana, como o governador da Flórida, Ron DeSantis, e o ex-vice-presidente Mike Pence, fizeram críticas semelhantes à suposta "fraqueza" do democrata.
Apoio "sólido e inabalável"
No sábado (7), Biden proferiu um breve e sério discurso da Casa Branca para enfatizar que o apoio dos Estados Unidos ao Estado judaico é "sólido como uma rocha e inabalável".
— Hoje, o povo de Israel está sob ataque de uma organização terrorista, o Hamas. Neste momento trágico, quero dizer a eles, ao mundo e aos terroristas de todo o mundo: os Estados Unidos estão ao lado de Israel. Nunca deixaremos de apoiá-lo — declarou o presidente.
As acusações dos republicanos são alimentadas em particular por uma decisão recente de Biden: autorizar o descongelamento de fundos iranianos no valor de 6 bilhões de dólares (R$ 30,9 bilhões na cotação atual) para permitir uma troca de prisioneiros com o regime de Teerã.
O senador Rick Scott, dentre outros, considerou que ao permitir a transferência desses fundos congelados na Coreia do Sul para Doha, a Casa Branca havia "financiado" a espetacular ofensiva do Hamas. Há muito tempo apoiador do grupo islâmico palestino, Teerã manifestou publicamente seu apoio aos ataques.
A acusação feriu o governo americano. Um porta-voz da Casa Branca denunciou uma "mentira flagrante", afirmando que "não haviam sido gastos nem um centavo" desses 6 bilhões em temas não relacionados a questões humanitárias.
Em declarações à imprensa, um alto funcionário do governo acusou os republicanos de "desinformação".
O representante do governo atual dos Estados Unidos afirma ser muito cedo para dizer se o Irã está diretamente envolvido na ofensiva lançada pelo Hamas contra Israel.
— Os Estados Unidos não têm nenhuma indicação nessa direção no momento. (Mas) não há dúvida de que o Hamas é financiado, equipado e armado pelo Irã e outros — acrescentou.
Além das eleições de 2024, essa ofensiva republicana apresenta problemas políticos imediatos para Biden. O presidente americano precisará do Congresso se quiser fornecer ajuda adicional significativa a Israel. Os republicanos controlam a Câmara dos Representantes e atualmente bloqueiam a aprovação do orçamento nacional.
Para complicar ainda mais as coisas, a Câmara não está funcionando efetivamente desde a recente destituição de seu líder, Kevin McCarthy, vítima de disputas internas entre os republicanos.
A Casa Branca, por outro lado, aspira que o Senado aprove rapidamente a nomeação de Jack Lew como novo embaixador em Israel, anunciada há mais de um mês, mas isso exigirá alguma boa vontade por parte da minoria republicana na câmara alta.