O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, pediu desculpas, nesta quarta-feira (27), por ter homenageado, durante a visita do presidente Volodimir Zelensky, o veterano da Ucrânia Yaroslav Hunka, que lutou com os nazistas na Segunda Guerra Mundial.
"Gostaria de oferecer minhas desculpas mais sinceras pelo que ocorreu na sexta-feira e pela situação em que o presidente Zelensky e a delegação ucraniana foram colocados", disse Trudeau no parlamento. "Foi um erro terrível e uma violação da memória daqueles que sofreram cruelmente nas mãos do regime nazista."
A declaração de Trudeau foi dada um dia após a renúncia do presidente da Câmara dos Comuns, Anthony Rota, que pediu aplausos a Hunka.
Trudeau disse hoje que o erro "envergonhou profundamente o Parlamento e o Canadá", e que se desculpava diante de todos os canadenses e do povo judeu em todo o mundo, acrescentando que Ottawa havia entrado em contato com Kiev e Zelensky para pedir desculpas: "Foi uma violação horrenda da memória de milhões de pessoas que morreram no Holocausto."
Anthony Rota renunciou dizendo que lamentava o erro e a dor que havia causado às comunidades judaicas do Canadá e de outros países.
O governo Trudeau vem sendo submetido a uma pressão intensa envolvendo esse assunto, que o líder da oposição conservadora, Pierre Poilievre, descreveu como "a maior vergonha diplomática" da história do Canadá.
Envolvida em um conflito militar com a Ucrânia, a Rússia pediu que o Canadá leve Hunka, de 98 anos, à Justiça. Moscou tenta há anos retratar o governo ucraniano, liderado por Zelensky, que é judeu, como neonazista, e espalhou essa mensagem por meio dos veículos de comunicação controlados pelo Estado para justificar sua invasão à Ucrânia.
"É extremamente preocupante pensar que esse erro atroz está sendo politizado pela Rússia e por seus apoiadores para fazer uma propaganda falsa sobre aquilo por que a Ucrânia luta", disse Justin Trudeau.
O presidente ucraniano visitou o Canadá para reforçar o apoio ocidental contra a invasão russa.
* AFP