O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, afirmou aos líderes presentes na 78ª Assembleia-Geral da ONU que a agressão da Rússia se expande para além da Ucrânia e atinge todo o mundo. No discurso, o primeiro presencial de Zelensky na reunião geral da ONU desde o início da guerra da Ucrânia, em fevereiro do ano passado, o líder ucraniano tratou de citar a Rússia como um país com histórico de agressão em diversas partes do mundo, não apenas na Ucrânia.
O discurso do presidente ucraniano, naturalmente, focou na guerra da Ucrânia, embora haja um esforço da ONU e dos líderes presentes de não deixar o tema dominar a Assembleia-Geral. Ele citou agressões russas na Moldávia, Geórgia e Síria como um alerta para o mundo de que a guerra na Ucrânia não é um fato isolado.
— Nós temos de parar os russos. Toda guerra agora pode ser a última. O objetivo da atual guerra contra a Ucrânia é transformar a nossa terra, o nosso povo, as nossas vidas, os nossos recursos numa arma contra vocês, contra a ordem internacional baseada em regras —acrescentou.
Na reunião geral anterior, Zelensky discursou por videoconferência de Kiev. Na ocasião, ele pediu punição contra a Rússia por causa da guerra. Desta vez, acusou a Rússia de genocídio pelo sequestro de crianças ucranianas. Ele afirmou ter o nome de dezenas de milhares de vítimas.
Antes de começar o discurso, Zelensky foi aplaudido por um tempo mais longo do que o usual pelas autoridades presentes. Ele iniciou o discurso citando que embora o mundo se concentre nas ameaças de armas nucleares, a Rússia tem transformado alimento e energia em armas para prejudicar a Ucrânia e outras nações, referindo-se ao fim do acordo de grãos no Mar Negro.
Segundo Zelensky, a ameaça das armas nucleares gerou um medo excessivo de conflito nuclear entre grandes potências que permitiu, durante anos, à Rússia prosseguir uma política externa agressiva. Ele afirmou que essa estratégia é falha e lamentou o fato da Ucrânia ter perdido o arsenal nuclear na década de 1990, com a dissolução da União Soviética.
O presidente ucraniano também resistiu a um plano de paz para a guerra que não seja a vitória militar sobre a Rússia e disse que há uma oportunidade de vencê-los sob os termos ucranianos, mesmo em um momento em que a contraofensiva ucraniana tem ganhos pequenos. O país continua sofrendo ataques russos e, no início desta terça-feira (19), foi atingido por mísseis e drones na cidade de Lviv, no Oeste.
O discurso do ucraniano terminou com o lema "Slama Ukraini" ("Glória à Ucrânia", em português) com aplausos prolongados. O vice-embaixador da Rússia na ONU, Dimitri Polyanski, acompanhou o discurso, enquanto tomava notas e observava o telefone.
Em Nova York, Zelensky também aproveita para se reunir com líderes mundiais acerca de ganhar apoio para a guerra na Ucrânia. Ele se reunirá com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na quarta-feira (20).