Um primeiro grupo de solicitantes de asilo foi instalado, nesta segunda-feira (7), a bordo da Bibby Stockholm, uma imensa barca modificada ancorada no sudoeste da Inglaterra. Trata-se de um projeto altamente polêmico criado pelo atual governo para combater a imigração.
Com dificuldades nas pesquisas a um ano das próximas eleições legislativas, o primeiro-ministro britânico, o conservador Rishi Sunak, priorizou "parar as embarcações" que atravessam o Canal da Mancha ilegalmente e vem aumentando suas iniciativas nesse sentido nos últimos dias.
Uma delas consiste em instalar os solicitantes de asilo em barcas atracadas nos portos. O objetivo é economizar recursos na recepção dos migrantes, como os gastos com hospedagem, ao mesmo tempo em que se tenta dissuadi-los de pedir asilo.
Um primeiro grupo foi instalado hoje na barcaça de 93 metros de comprimento e 27 metros de largura, ancorada no porto de Portland. A embarcação foi modificada para instalar 222 cabines e receber até 500 migrantes.
Um fotógrafo da AFP viu homens embarcarem carregando sacolas grandes nesta segunda.
Os primeiros migrantes deveriam chegar na semana passada, mas a instalação deles foi adiada à espera de dos bombeiros para descartar riscos de incêndio.
Em Portland, localidade de 13 mil habitantes, o projeto causou polêmica e irritou moradores, que temem por sua segurança. Outros denunciam que se trata de uma "prisão flutuante".
O porto de Portland foi o único a aceitar a instalação dessas barcas, e outros projetos foram cancelados por falta de portos de atracação.
Nesta segunda, a ONG de defesa de migrantes Care4Calais denunciou um sistema "cruel" e "desumano", ressaltando que alguns requerentes de asilo "sobreviveram à tortura e à escravidão moderna e tiveram experiências traumáticas no mar".
O sistema de asilo do Reino Unido está sobrecarregado, e mais de 130 mil casos ainda estão sendo avaliados. Alguns remontam a até seis meses, de acordo com dados do governo.
Mais de 45 mil migrantes tentaram cruzar o Canal da Mancha em 2022. Desde o início de 2023 esse número chega a 15 mil. Quem atravessa não tem direito a pedir asilo, de acordo com uma nova lei que entrou em vigor em julho. A lei prevê que os migrantes sejam deportados para países terceiros, como Ruanda, medida que está, atualmente, bloqueada pelos tribunais.