As comunicações com as dezenas de milhares de habitantes da cidade portuária birmanesa de Sittwe foram retomadas gradualmente nesta segunda-feira (15), depois da passagem do ciclone Mocha pelo oeste do país, que provocou cinco mortos.
Mocha atingiu a região entre as cidades de Cox's Bazar (em Bangladesh) e Sittwe (Mianmar), com ventos de até 195 quilômetros por hora, a maior tempestade a afetar o golfo em mais de uma década.
No final do domingo, a tempestade já havia passado em grande parte.
Em última análise, não causou grandes danos, como se temia, nos enormes acampamentos de refugiados onde vivem um milhão de rohingyas em Bangladesh. As autoridades do país não registraram nenhuma vítima.
Em Mianmar, a junta militar disse nesta segunda-feira que pelo menos cinco pessoas morreram no país.
"Alguns habitantes ficaram feridos" pela tempestade e 864 casas e 14 hospitais ou clínicas foram danificados no país, afirmou em comunicado.
As comunicações com a cidade de Sittwe, que sofreu o pior impacto do ciclone, são retomadas progressivamente nesta segunda-feira, de acordo com sites de rastreamento de ciclones.
Centenas de refugiados em áreas altas voltavam para a cidade por uma estrada repleta de árvores, postes e cabos elétricos caídos, segundo os correspondentes da AFP.
Um posto militar a cerca de 10 quilômetros de Sittwe, onde vivem aproximadamente 150.000 pessoas, impediu o acesso a carros e caminhões, obrigando as pessoas a continuar de moto ou a pé.
Ao menos cinco pessoas morreram na cidade e 25 ficaram feridas, disse à AFP Ko Lin Lin, um socorrista local, embora não se saiba se alguma dessas vítimas foi incluída na contagem da junta.
- Problemas de comunicação -
"Eu estava em um mosteiro budista quando a tempestade começou", disse um morador à AFP. "A sala de oração e a sala de jantar dos monges desabaram", contou.
O ciclone provocou uma tempestade de vários metros e ventos violentos que derrubaram uma torre de comunicações em Sittwe, capital do estado de Rakhine, segundo imagens publicadas nas redes sociais.
Os veículos de comunicação vinculados à junta indicaram que centenas de torres de telefonia móvel não estavam mais operacionais.
Os problemas de comunicação impossibilitam a avaliação dos danos em Rakhine, mas "as primeiras informações que chegam apontam para danos significativos", disse o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) no domingo.
Em Bangladesh, "cerca de 300 casas foram destruídas pelo ciclone", disse à AFP Shamsud Douza, vice-comissário de refugiados do país.
- Reconstruir -
Ele afirmou que as autoridades distribuem bambu, lonas e outros materiais para que os rohingyas afetados possam reconstruir as suas casas.
O risco de deslizamentos de terra nos acampamentos é baixo "devido às chuvas escassas".
"O céu clareou. O ciclone Mocha é a tempestade mais poderosa a atingir Bangladesh desde o ciclone Sidr", disse à AFP Azizur Rahman, diretor do departamento meteorológico de Bangladesh.
"Sobrevivi porque me refugiei em uma escola com meus três filhos", disse Selin Khan, uma rohingya de 27 anos que perdeu sua casa no campo de refugiados de Nayapara, na cidade de Teknaf.
"Agora eu reconstruo minha casa", acrescentou.
Em novembro de 2007, Sidr havia devastado o sudoeste de Bangladesh, causando mais de 3.000 mortes e vários bilhões de dólares em danos.
Melhores previsões meteorológicas nos últimos anos e evacuações mais eficazes reduziram drasticamente o número de mortes por ciclones.
Os cientistas alertam que essas tempestades estão se tornando mais poderosas em certas regiões do mundo devido às mudanças climáticas.
* AFP