O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e congressistas republicanos chegaram no sábado (27) a um princípio de acordo para aumentar o teto da dívida do país, em um primeiro passo crucial para eliminar a ameaça de "default catastrófico" que "poderia ter levado a uma recessão econômica", conforme disse Biden em um comunicado.
Este ano, o limite da dívida, de US$ 31 trilhões, foi atingido em 19 de janeiro. O Departamento do Tesouro disse na sexta-feira (26) que o governo não teria mais fundos para pagar todas as suas contas em 5 de junho se não houvesse ação do Congresso.
Os detalhes do acordo ainda não foram disponibilizados à imprensa. Conforme uma fonte da AFP, as negociações prevêm a liberação do teto da dívida por dois anos, enquanto limitam os gastos durante o mesmo período.
O acordo é fruto de uma negociação árdua entre democratas e republicanos, que se estente há meses. No comunicado, Biden disse que "o acordo representa um compromisso, o que significa que nem todos conseguem o que querem. Essa é a m responsabilidade de governar".
Em suas redes sociais, o líder republicano da Câmara, Kevin McCarthy, criticou Biden, logo após o encontro com o presidente para discutir o acordo, na noite de sábado. "Depois que ele perdeu tempo e se recusou a negociar por meses, chegamos a um princípio de acordo digno do povo americano", tuitou.
Um dos principais pontos de divergência entre republicanos e democratas é o pedido dos primeiros para condicionar alguns benefícios sociais, como o auxílio-alimentação no trabalho. Segundo a fonte, os cortes que os republicanos queriam não estão no acordo, embora os gastos não relacionados à Defesa permanecerão os mesmos no próximo ano, aumentando apenas nominalmente em 2025.
Também haverá novas regras para acessar certos programas de ajuda federal, embora o acordo proteja a Lei de Redução da Inflação (IRA) e o plano de alívio de empréstimos estudantis.
McCarthy espera que na quarta-feira (31) a Câmara de Representantes vote o projeto de lei para elevar o teto da dívida. Além disso, o líder republicano informou que voltará a conversar com Biden neste domingo (28), enquanto supervisiona a redação final do projeto de lei.
Prazo ajustado
Mesmo com o prazo mais tardio, a legislação terá que passar pelo Congresso muito mais rápido do que o normal, mesmo para os projetos menos controversos.
O Congresso foi suspenso no fim de semana prolongado para o feriado do Memorial Day, mas os legisladores provavelmente serão chamados de volta para votar. O Congresso primeiro terá que transformar o acordo em texto legislativo. Então, levaria normalmente pelo menos mais seis dias no mínimo para ser aprovado em ambas as câmaras.
Há também a ameaça de não se chegar a um acordo no Congresso, como ameaçaram legisladores de ambos os partidos, ou de atrasar ao máximo a aprovação de um texto que faria muitas concessões ao lado oposto.
Na sexta-feira (19), a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, disse que conseguir um acordo é "crítico" para a economia global, enfatizando que os Estados Unidos precisam fazer "mais para reduzir sua dívida pública".