A Turquia concluiu as operações de resgate referentes ao terremoto que atingiu recentemente o país e também a Síria. Conforme informou a Autoridade de Gestão de Emergências e Desastres (AFAD), neste domingo (19), agora as buscas por sobreviventes ocorrerão apenas nas duas províncias turcas mais atingidas pelo abalo sísmico que deixou dezenas de milhares de mortos.
"Em muitas de nossas províncias, as buscas e resgates foram concluídos. O trabalho continua nas províncias de Kahramanmaras e Hatay", explicou o diretor da AFAD, Yunus Sezer, a repórteres em Ancara.
Conforme informou um equipe da AFP, na província de Kahramanmaras, onde foi localizado o epicentro do terremoto, as chances de sobrevivência pareciam menores do que em Hatay devido ao frio, que chegou a -15°C à noite em áreas nevadas como Elbistan.
No sábado (18), 296 horas após o terremoto, um casal foi resgatado em Antakya, capital da província de Hatay. Nos últimos três dias, sete pessoas foram retiradas com vida dos escombros, todas em Antakya, incluindo o filho do casal, que morreu logo após ser resgatado.
De acordo com balanço divulgado neste domingo pela AFAD, o terremoto que abalou a região em 6 de fevereiro, de magnitude 7,8, deixou mais de 43 mil mortos na Turquia e na Síria. Além disso, segundo a instituição, nenhum sobrevivente foi encontrado nas ruínas por mais de 24 horas.
Desabrigados
O vice-presidente turco, Fuat Oktay, informou à imprensa local que 105 mil edifícios desabaram ou foram seriamente danificados. Além disso, comunicou que estes últimos serão destruídos por terem sido seriamente comprometidos.
Numa mensagem publicada no Twitter, a AFAD pediu às vítimas que não tentassem entrar nas casas danificadas para recuperar bens, "nem por pouco tempo". A instituição também anunciou que já foram abertos "pedidos de auxílio-moradia" para aqueles que perderam suas casas.
Até o momento, autoridades não informaram o número de pessoas que ficaram desabrigadas após o terremoto.
O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, disse na terça-feira (14) que mais de 2 milhões de pessoas saíram das províncias afetadas por seus próprios meios.
O destino incerto dos sobreviventes
Durante o terremoto, Bilal Jawir, sua esposa e as duas filhas conseguiram sair ilesos ao se refugiarem sob algumas laranjeiras que cercam sua propriedade. Embora sua casa não tenha sido seriamente danificada à primeira vista, a família não quer permanecer no local por medo de que a estrutura tenha sido comprometida.
—Nosso retorno vai depender da existência de serviços (públicos) em Antakya — disse o turco.
Na cidade turca de Antakya, uma das mais afetadas pelo terremoto do início do mês, Jawir termina de carregar uma van com os pertences de sua família, que está prestes a deixar sua residência.
— Não sabemos quando poderemos voltar. Não temos nenhuma esperança. Não temos trabalho, não temos vida. Como poderíamos continuar vivendo aqui? — lamentou.
Assim como essa família, milhões de pessoas na região enfrentam o mesmo problema de não saber se poderão voltar às suas casas, se precisarão esperar que sejam inspecionadas ou se terão que se mudar para outros locais.
— É difícil fazer as malas e ir embora. Tenho muitas lembranças daqui. Minhas filhas nasceram aqui, nos casamos aqui — afirmou o homem.
Devido a essa situação, a família vai para a casa do tio de Jawir em Andana, uma cidade a três horas de distância, que foi menos afetada.
Alguns vizinhos de Jawir, no bairro de Kislasaray, também recolhem seus pertences e se preparam para deixar o local. É o caso de Adnan, sua esposa e a filha, Dilay, que colocam bolsas com roupas em uma van.
— Não sabemos o que será de nossa casa, se será destruída, não sabemos o que vai acontecer — disse Adnan.
Assim como Jawir, eles não querem arriscar voltar à residência em meio à destruição após o terremoto. A família vai se mudar para um apartamento em Mersin, a 270 quilômetros de Antakya, na costa mediterrânea da Turquia.