A criação de um novo fundo mundial de biodiversidade, uma exigência dos países em desenvolvimento, "levaria anos", disse, nesta terça-feira (13), o ministro do Meio Ambiente do Canadá, Steven Guilbeault, na COP15, que acontece em Montreal.
Ele, no entanto, mostrou-se mais favorável a reformar os mecanismos financeiros já existentes.
O tema financeiro é um dos principais pontos de discussão na Conferência das Nações Unidas sobre Biodiversidade, que tenta aprovar um marco global para o próximo decênio que detenha a destruição dos ecossistemas e seus recursos essenciais para a humanidade.
Dezenas de países, liderados por Brasil, Índia, Indonésia e África, pedem em uníssono "subsídios financeiros de pelo menos 100 bilhões de dólares por ano, ou 1% do PIB mundial até 2030" para implementar este "pacto de paz com a natureza".
Este número representa dez vezes mais que as ajudas atuais.
"Os países do Norte acreditam que a ambição deve estar acompanhada de recursos financeiros" e "entenderam a necessidade de ter acesso a fontes de financiamento que sejam transparentes, previsíveis e acessíveis", assegurou Guilbeault durante uma coletiva de imprensa.
Mas "criar um novo fundo poderia levar anos e, durante esses anos, os países do Sul não receberiam nenhum dinheiro desse fundo", advertiu, recordando que foram necessários sete anos para implementar o atual Fundo para o Meio Ambiente Mundial (FMAM), o principal mecanismo atual para a biodiversidade.
"Assim que acredito que seria melhor usar os fundos existentes" enquanto se aplicam reformas que tornem o dinheiro mais acessível, acrescentou.
"Por outro lado, temos que estar de acordo que não pode ser apenas dinheiro público", declarou. Para Guilbeault, é preciso "olhar para todas as fontes de financiamento": privadas, filantrópicas e públicas, bem como "o Banco Mundial, o FMI e outros bancos de desenvolvimento".
"Todos devemos nos esforçar mais esta semana", pediu o ministro canadense, depois de uma primeira semana de conversas pouco efetivas.
O presidente da COP15 e ministro de Ecologia e do Meio Ambiente da China, Huang Runqiu, estimou, por sua vez, que "todos os objetivos podem ser aceitos".
Mas "as ambições devem ser alcançáveis" e "devemos garantir que o marco possa ser aplicado sobre o terreno", lembrou, enquanto os delegados dos 193 países presentes negociam objetivos quantificáveis como proteger 30% das terras e dos mares, reduzir pela metade o uso de pesticidas e restaurar entre 20% e 30% das terras degradadas, entre outros.
* AFP