Milhares de sudaneses se manifestaram neste domingo (30), apesar das bombas de gás lacrimogêneo disparadas pelas forças de segurança para reivindicar um poder civil no país comandado pelo exército desde o golpe militar de um ano atrás, constataram jornalistas da AFP.
O golpe de 25 de outubro de 2021 por ordem do chefe do exército, o general Abdel Fattah al-Burhan, interrompeu brutalmente a transição democrática lançada em 2019 após a queda da ditadura de Omar Al-Bashir.
Desde então, manifestantes pró-democracia têm saído às ruas para protestar todas as semanas. No domingo, milhares foram às ruas da capital, Cartum, e de várias cidades, apesar de uma repressão que deixou 119 mortos e milhares de feridos, segundo fontes sanitárias.
"Continuamos nosso movimento e mantemos nossos três princípios: "sem negociação, sem aliança e sem legitimação (dos golpistas) até derrubarmos o regime", disse Asma Harzaw, uma manifestante em Cartum.
"Militares ao quartel", gritava a multidão que se dirigia ao palácio presidencial, no centro da cidade.
Milhares de pessoas foram às ruas na terça-feira, no aniversário de um ano do golpe em que o chefe do Exército prendeu líderes civis com quem havia concordado em dividir o poder em 2019.
O setor pró-democracia teme o retorno do antigo regime de Al-Bashir ao poder, já que muitos islamitas retornaram aos cargos que ocupavam até 2019.
Os conflitos tribais aumentaram, segundo especialistas, como resultado do vácuo de segurança criado pelo golpe.
O Sudão, um dos países mais pobres do mundo, com o exército quase sempre no comando desde a independência, se afunda cada vez mais no caos econômico e político.
* AFP