O segundo suspeito da série de ataques a faca no Canadá, que deixou uma dezena de vítimas fatais, morreu após ser detido nesta quarta-feira (7), informaram veículos de comunicação canadenses. Myles Sanderson, 32 anos, morreu dois dias depois de Damien, seu irmão e também suspeito do ataque, ter sido encontrado morto.
A emissora pública CBC e a Global News, citando fontes policiais, informaram que Myles morreu de ferimentos autoinfligidos. Horas antes, a polícia da província de Saskatchewan havia informado sua detenção "aproximadamente às 15h30min locais" (18h30min de Brasília), em uma postagem nas redes sociais.
Acredita-se que os irmãos tenham sido responsáveis pelo massacre que se estendeu pela vasta região das pradarias do Canadá. Na segunda-feira (5), o corpo de Damien, de 31 anos, foi encontrado em um campo da comunidade Cree.
As autoridades disseram que Damien provavelmente foi morto por seu Myles, que estava foragido até ser detido perto da localidade de Rosthern, em Saskatchewan.
Myles Sanderson também era procurado por violar a liberdade condicional em maio, depois de cumprir parte de uma sentença por agressão e roubo.
Os ataques a facadas ocorridos no domingo na comunidade indígena James Smith Cree Nation e na localidade de Weldon, na província de Saskatchewan, deixaram dez mortos e 18 feridos.
"Sem sentido"
Três dias depois da tragédia, os familiares das vítimas lamentavam os esfaqueamentos ocorridos no domingo (4) na comunidade Cree e na cidade de Weldon, cuja motivação ainda é desconhecida. Várias vigílias aconteceram na noite desta quarta-feira.
Mark Arcand disse que os crimes que tiraram a vida de sua irmã Bonnie Burns, de 48 anos, e seu filho Gregory Burns, de 28, foram um "ato horrível e sem sentido".
— Estamos devastados. Ainda parece um pesadelo. Não parece real. Como isso aconteceu com nossa família? Por que aconteceu? Não temos respostas — declarou.
Arcland contou como sua irmã correu para fora de casa para ajudar seu filho, que estava sangrando na entrada depois de receber várias facadas.
— Ela foi esfaqueada duas vezes e morreu ao lado dele. Estava tentando proteger seu filho.
Uma vizinha correu para tentar deter os agressores, mas também foi morta a facadas, acrescentou.
"Zona de guerra"
O serviço forense de Saskatchewan divulgou os nomes dos mortos, seis homens e quatro mulheres com idades entre 23 e 78 anos. Todos, exceto um, eram membros da comunidade Cree. O outro era um viúvo que morava com seu neto em Weldon. Os feridos são 17 adultos e um adolescente, informou a polícia federal canadense.
Vários dos mortos já haviam sido identificados por familiares e amigos nas redes sociais. Eles incluíam um veterano de guerra, um especialista em dependência química e uma mãe de dois filhos que trabalhava como segurança em um cassino local.
Michael Brett Burns disse no Facebook que havia perdido muitos familiares no massacre, contando que havia "corpos por toda parte", "alguns mortos e muitos outros com ferimentos graves e sangrando".
Dillon Burns contou em outra postagem que sua mãe, Gloria, morreu "protegendo um jovem, enquanto era atacado", e acrescentou que "ela teria feito o mesmo por qualquer um de nós (inclusive) pelo homem que lhe tirou a vida".
Gloria foi encontrada "deitada na entrada de casa" com outras duas pessoas, contou seu irmão, Ivor Burns, às emissoras locais.
— Foram massacradas — destacou.
As autoridades acreditam que algumas das vítimas já eram alvos dos suspeitos e outras foram atacadas de forma aleatória. Dez pessoas permanecem hospitalizadas após a tragédia, incluindo três em estado crítico, segundo as autoridades de saúde de Saskatchewan. Outras sete receberam alta.