O Parlamento da Nicarágua autorizou nesta terça-feira (14) a entrada de tropas estrangeiras no país, entre elas dos Estados Unidos e Rússia, para participar com militares nicaraguenses em exercícios conjuntos.
O congresso unicameral, dominado pelo partido no poder, endossou com 78 dos 91 deputados a entrada de tropas com meios aéreos e navais da Rússia, Estados Unidos e outros sete países latino-americanos no segundo semestre de 2022.
A aprovação "urgente" da entrada de tropas estrangeiras a pedido do presidente Daniel Ortega ocorre em meio à rejeição demonstrada pelos Estados Unidos à chegada de soldados russos na região.
O presidente do Comitê de Defesa e Governança, o sandinista Filiberto Rodríguez, chamou de "desinformado" o subsecretário de Assuntos do Hemisfério Ocidental Brian Nichol, que disse à mídia local que era uma "provocação perigosa" convidar os russos, mesmo que fosse para exercícios humanitários, no momento em que Moscou invade a Ucrânia.
"Ouvimos na mídia de Chachalaca (como o governo chama a mídia de oposição), inclusive aquele homem dos Estados Unidos, Brian Nichols, dizendo que a Nicarágua abre as portas para a Rússia na América, e ele não se lembra ou não sabe ou está desinformado" que as tropas dos EUA também entram no país, disse Rodríguez.
"A Nicarágua nunca foi uma ameaça para nenhum país do mundo", disse o deputado sandinista Wálmaro Gutiérrez durante a sessão legislativa, rejeitando "esta campanha suja que busca desinformar e mentir (...), fazendo acreditar que tropas estrangeiras estão sendo implementadas na Nicarágua".
Gutiérrez disse que essas colaborações com outros exércitos são de "ajuda humanitária necessária e intercâmbio de capacidades e experiências" para enfrentar situações de emergência diante de desastres naturais e para combater o tráfico de drogas e o crime organizado internacional.
As relações entre a Nicarágua e os Estados Unidos estão tensas devido à imposição de sanções a familiares e amigos próximos de Ortega, acusados de violar os direitos humanos e à pressão pela libertação de cerca de 182 opositores presos no contexto de uma crise resultante dos protestos de 2018.
Ortega, de 76 anos, após o seu regresso ao poder em 2007, reforçou os laços de cooperação e amizade com a Rússia, país que lhe tem fornecido ajuda militar, vacinas para enfrentar a pandemia de covid-19, ônibus, táxis e uma estação de monitorização por satélite ( Glonass) que usa 24 satélites russos.
* AFP