O supremacista branco que assassinou 10 afro-americanos em um supermercado em Buffalo em meados de maio foi acusado nesta quarta-feira (15) de crime de racismo pela Justiça federal dos Estados Unidos, anunciou o procurador-geral Merrick Garland durante uma viagem a essa cidade do Estado de Nova York.
Payton Gendron, 18 anos, já era alvo de processos judiciais no Estado de Nova York em relação ao mesmo caso, por "terrorismo doméstico" e "assassinatos". Agora, enfrenta um julgamento em separado na Justiça Federal e pode ser condenado à morte.
Gendron causou estragos imediatos e disseminou um medo duradouro entre a população negra, denunciou Garland durante entrevista coletiva.
— No Departamento de Justiça, consideramos que é nosso dever legal e moral combater os crimes de ódio — acrescentou o titular da pasta, após um encontro com familiares das vítimas.
Em 14 de maio, após meses de preparação, o jovem se dirigiu para um supermercado armado com um fuzil semiautomático e munido de uma câmera com a qual filmou suas ações e as transmitiu ao vivo na internet.
No estacionamento e dentro do supermercado, Gendron atirou contra clientes e funcionários, matando 10 pessoas e ferindo outras três, quase todas negras.
— (Sua) motivação era evitar que os negros "substituíssem" os brancos e inspirar ataques similares — diz a acusação federal, ao se referir a uma teoria da conspiração em voga entre os supremacistas brancos.
Em sua arma havia inscrições com "insultos racistas", assim como os termos "Grande Substituição", o nome da teoria popularizada pelo intelectual francês Renaud Camus e difundida entre os círculos de extrema-direita, acrescenta o documento.
No computador do jovem, os investigadores encontraram o rascunho de um "manifesto", escrito nos meses anteriores ao ataque, no qual ele detalha seus planos e explica que escolheu o estabelecimento Tops de Buffalo, situado 300 quilômetros ao norte de sua casa, devido à alta proporção de afro-americanos que vivem naquela região.
Seu objetivo, segundo o manifesto, era "matar o máximo de negros possível".
Os Estados Unidos ainda tentam se recuperar desse massacre e de outro ocorrido em uma escola de Uvalde, no Texas, em 24 de maio, no qual morreram 19 crianças e duas professoras, assassinadas a tiros por outro jovem de 18 anos, que depois foi morto pela polícia.