O bispo católico nicaraguense Ronaldo Álvarez, um forte crítico do governo de Daniel Ortega, anunciou na quinta-feira um jejum por tempo indeterminado, em protesto contra o que considera uma perseguição e cerco policial contra ele.
"Hoje fui perseguido durante todo o dia pela polícia sandinista (...) em todos os momentos durante todos os meus movimentos do dia", disse Álvarez, em um vídeo divulgado nas redes sociais.
O padre, bispo de Matagalpa e administrador apostólico da diocese de Estelí (norte), também é diretor da área de Comunicação da Conferência Episcopal da Nicarágua (CEN).
Ele afirmou que, quando pediu aos policiais que parassem de persegui-lo, os agentes responderam que obedeciam a "ordens superiores".
"Entraram no meu círculo de privacidade familiar (...) colocando em risco a segurança da minha família", acusou. Diante da situação, o bispo procurou refúgio em uma paróquia de Manágua, onde foi acolhido pelo padre Carlos Herrera.
No local, ele anunciou que começará um "jejum com água e soro, por tempo indefinido, até que a polícia" se comprometa, com o presidente ou vice-presidente da Conferência Episcopal, a respeitar sua integridade e a de sua família.
Ortega já acusou diversas vezes os bispos de "golpistas" por abrigarem em seus templos manifestantes em fuga ou que foram feridos durante a repressão aos protestos que explodiram contra seu governo em 2018.
Desde então, a relação entre o governo e a Igreja é tensa.
* AFP