Um tribunal de Mianmar adiou nesta segunda-feira (2) o veredicto em julgamento por corrupção contra a ex-líder Aung San Suu Kyi, afirmou à AFP um porta-voz da junta militar, um caso que pode resultar em uma pena de prisão de 15 anos para a vencedora do Nobel da Paz.
"Hoje não houve veredicto", disse à AFP o porta-voz da junta, Zaw Min Tun.
Um tribunal da junta militar é responsável pelo julgamento por corrupção no qual Suu Kyi é acusada de ter recebido 600.000 dólares e mais de 11 quilos de ouro em subornos do ex-ministro para a região de Yangon.
Jornalistas foram proibidos de acompanhar as audiências no tribunal especial em Naypyidaw, a capital construída pelos militares, e os advogados de Suu Kyi não podem dar entrevistas à imprensa.
Suu Kyi, de 76 anos, está detida desde que os generais deram um golpe de Estado e derrubaram seu governo em fevereiro do ano passado, acabando com o breve período de democracia do país do sudeste asiático.
A ex-dirigente foi acusada em vários processos por violação de uma lei de segredos de Estado, fraude eleitoral, sedição, incitação à desordem pública e corrupção, que podem resultar em sentenças de décadas de prisão.
Suu Kyi já foi condenada a seis anos de prisão por acusações de violar as normas contra a covid-19 e as regras sobre a importação de walkie-talkies, o que provavelmente excluirá a líder popular das eleições que a junta militar afirma que pretende organizar no próximo ano.
Durante o regime militar anterior, Suu Kyi passou longos períodos em prisão domiciliar na residência da família em Yangon.
Mianmar está em turbulência desde o golpe, com uma forte repressão aos dissidentes que, segundo ONGs locais, provocou mais de 1.700 mortes e 10.000 detenções.
* AFP