O diretor do jornal La Prensa da Nicarágua, Juan Lorenzo Holmann Chamorro, foi condenado na quinta-feira a nove anos de prisão pela acusação de lavagem de dinheiro, em um dos vários processos contra opositores do governo de Daniel Ortega.
A informação foi divulgada pelo próprio site do jornal.
"O Poder Judiciário a serviço do regime Ortega-Murillo condenou a nove anos de prisão injusta e a uma multa milionária Juan Lorenzo Holmann (...) Expressamos nossa condenação enérgica", afirmou o Centro Nicaraguense de Direitos Humanos (Cenidh), ONG que acompanha os processos contra opositores.
Ortega governa o país desde 2007. Sua esposa Rosario Murillo é vice-presidente desde 2017.
De acordo com o jornal, Holmann, que está preso desde 14 de agosto do ano passado, "cumprirá a condenação até 9 de setembro de 2030".
A sentença foi determinada pela juíza Nadia Tardencilla, que em 23 de março o declarou culpado por lavagem de dinheiro, após um julgamento de três dias a portas fechadas em uma prisão de Manágua.
"Estou forte e vou continuar assim. Isso vai passar", declarou Holmann após ouvir o veredicto, que ordena ainda que as instalações do jornal La Prensa permaneçam "sob custódia" das autoridades.
Atualmente, La Prensa publica as notícias apenas em sua plataforma digital, com poucos funcionários e recursos, depois que suas contas bancárias foram bloqueadas.
O tribunal não divulgou detalhes da acusação de lavagem dinheiro.
De acordo com o jornal, o MP acusou Holmann de ocultar informações da Fundação Violeta Barrios de Chamorro (FVBCH), alvo recentemente de uma investigação por lavagem de dinheiro. A defesa de Holmann afirma que "não existe um relatório econômico da polícia que confirme o delito".
La Prensa é muito critico ao governo de Ortega. O jornal, que tem quase um século, também teve um papel importante na luta contra a ditadura de Anastasio Somoza.
Holmann é primo da ex-candidata à presidência Cristiana Chamorro, que foi condenada em 22 de março a oito anos de prisão domiciliar por várias acusações, incluindo lavagem de dinheiro.
A opositora, filha da ex-presidente Violeta Barrios de Chamorro (1990-1997), era uma potencial rival para enfrentar a tentativa de reeleição de Ortega, que obteve o quarto mandato consecutivo nas eleições de 2021.
Holmann e Chamorro estão entre os 46 opositores que foram detidos ano passado nos meses prévios às eleições, acusados em sua maioria de conspiração para derrubar o governo com o apoio dos Estados Unidos.
A oposição e a comunidade internacional denunciam uma manobra parra Ortega continuar no poder.
Dos 46 detidos, ao menos 42 foram declarados culpados em julgamentos. E 40 deles foram condenados a penas de até 13 anos de prisão.
* AFP