A opositora e ex-pré-candidata à presidência nicaraguense Cristiana Chamorro, que está em prisão domiciliar, será julgada nesta quinta-feira (3) por acusações que a desqualificaram da disputa contra o atual presidente, Daniel Ortega, informou um advogado da família.
Cristiana, de 68 anos, presa desde 2 de junho, é acusada pelo Ministério Público de lavagem de dinheiro, bens e ativos. Ela está entre os 46 opositores detidos antes do processo eleitoral de novembro, no qual Ortega venceu seu quarto mandato consecutivo.
"O julgamento está marcado para 3 de março às 8h30 locais na sede policial da Direção Geral de Assistência Judiciária Nacional", conhecida como prisão de El Chipote, em Manágua, disse à AFP o advogado Maynor Curtis, um dos defensores da família Chamorro.
Curtis cuida também do caso de Pedro Joaquín Chamorro, outro dos opositores presos e irmão de Cristiana.
O governo acusa Cristiana de crimes como lavagem de dinheiro, gestão abusiva, falsidade ideológica, retenção e apropriação, durante sua gestão na extinta Fundação Violeta Barrios de Chamorro (FVBCH), que ela dirigia para promover a liberdade de imprensa e expressão.
Cristiana é filha da ex-presidente Violeta Barrios de Chamorro (1990-1997) e do mártir das liberdades públicas Pedro Joaquín. No ano passado, ela apareceu como favorita nas pesquisas para enfrentar Ortega, o ex-guerrilheiro no poder desde 2007. Ela defendia a formação de um bloco único de oposição.
O governo acusa os opositores presos de conspirar para derrubar o presidente, com a ajuda de Washington. A maioria está presa em El Chipote e é processada por acusações como "minar a integridade nacional".
As autoridades não informaram sobre nenhum dos julgamentos, que começaram em 1º de fevereiro. As sentenças são reveladas por familiares ou fontes humanitárias.
Dos 46 opositores detidos no ano passado, pelo menos 31 foram considerados culpados, dos quais 18 receberam sentenças que variam de 8 a 13 anos de prisão. Um deles morreu no hospital depois de passar vários meses no cárcere.
O Departamento de Estado dos Estados Unidos e a Organização dos Estados Americanos (OEA) repudiaram as prisões e pediram a libertação imediata dos opositores.
* AFP