A opositora e ex-candidata à presidência da Nicarágua Cristiana Chamorro, que está em prisão domiciliar, foi considerada culpada nesta sexta-feira de crimes imputados pelo governo de Daniel Ortega, que a impediram de concorrer no ano passado contra a reeleição do presidente, informou à AFP Olama Hurtado, sobrinha de Cristiana.
Também foram condenados por crimes como lavagem de dinheiro e gestão abusiva seu irmão, Pedro Joaquín Chamorro, e três ex-funcionários da Fundação Violeta Barrios de Chamorro (FVBCH).
"Eles consideraram todos como culpados", disse Hurtado, adicionando que a condenação está marcada para 21 de março".
Cristiana é filha da ex-presidente Violeta Barrios de Chamorro (1990-1997) e do mártir das liberdades públicas Pedro Joaquín. No ano passado, ela apareceu como favorita nas pesquisas para enfrentar Ortega, o ex-guerrilheiro no poder desde 2007. Ela defendia a formação de um bloco único de oposição.
O governo acusa os opositores presos de conspirarem para derrubar o presidente, com a ajuda de Washington. A maioria está presa em El Chipote e é processada por acusações como "minar a integridade nacional".
As autoridades não informaram sobre nenhum dos julgamentos, que começaram em 1º de fevereiro. As sentenças são reveladas por familiares ou fontes humanitárias.
Chamorro alega que é inocente.
"Eles querem manchar o meu nome, mas eles não irão conseguir," disse ela à Corte ao final do julgamento, segundo a 100% News, um veículo de mídia online crítico ao governo Ortega. "Eles nunca irão conseguir manchar o nome do meu pai ou da minha mão, porque eu sou incocente", finalizou a ex-candidata.
Jornalista e sem alinhamento a nenhum partido nicaraguense, Chamorro é uma dos sete ex-candidatos à presidência do país e uma dos quase 40 opositores ao regime Ortega presos às vésperas da eleição de 7 de novembro passado.
Ortega venceu o quarto pleito seguido, o quê foi amplamente criticado como fraude.
O Departamento de Estado dos Estados Unidos e a Organização dos Estados Americanos (OEA) repudiaram as prisões e pediram a libertação imediata dos opositores.
A oposição e a comunidade internacional consideram que as prisões foram motivadas politicamente e buscaram garantir a continuidade de Ortega no poder.
A maioria dos detidos apresentou problemas de deterioração da saúde, o que obrigou as autoridades a alterar o regime prisional de sete deles, embora os familiares aleguem que existem outros casos graves na prisão.
* AFP