Pelo menos três manifestantes foram mortos no Sudão nesta segunda-feira(17) durante manifestações contra o golpe, nas quais as forças de segurança usaram armas pesadas pela primeira vez, informaram fontes médicas.
Os manifestantes "foram mortos por balas reais" disparadas por "milícias do conselho militar golpista", explicou um sindicato de médicos na página do Facebook do Ministério da Saúde do estado de Cartum.
Desde o golpe de 25 de outubro, pelo menos 67 manifestantes foram mortos. A polícia denuncia que um de seus generais foi esfaqueado até a morte.
Nesta segunda-feira, armas pesadas e metralhadoras foram vistas nas viaturas das forças de segurança, confirmou um jornalista da AFP.
Os oficiais não bloquearam as pontes que ligam a capital, Cartum, aos subúrbios do outro lado do Nilo.
Em um desses distritos, Omodurman, os manifestantes queimaram pneus e ergueram barricadas nas estradas, disse à AFP uma testemunha, Sawssane Salah.
O Sudão vive uma crise política desde o golpe liderado por Abdel Fatah al-Burhan, comandante-chefe do Exército.
Para os manifestantes, o golpe é uma tentativa de retorno ao regime de Omar al Bashir, uma ditadura de estilo islâmico que esteve no poder por 30 anos neste país do nordeste da África, que desde sua independência há 66 anos só conhece governos militares.
Além disso, o ex-primeiro-ministro Abdullah Hamdok, o rosto civil da difícil transição, renunciou no início de janeiro.
Até agora, os generais não nomearam um governo civil, como prometido.
* AFP