As forças de segurança do Sudão voltaram a lançar gás lacrimogêneo contra os milhares de manifestantes que protestaram nesta quinta-feira (13) contra o golpe de Estado, em um novo episódio de violência alguns dias depois da abertura de um diálogo sob a égide da ONU.
O Sudão está imerso em uma crise política desde 25 de outubro após o golpe de Estado liderado por Abdel Fatah al Burhan, comandante-chefe do exército.
A repressão lançada pelas forças de segurança já deixaram 63 mortos entre os manifestantes, segundo fontes médicas pró-democracia.
Nesta quinta-feira, os manifestantes se reuniram no centro de Cartum gritando slogans como "com todo o nosso poder chegaremos ao palácio" e criticando Burhan.
Os manifestantes veem o golpe de Estado como uma forma de retorno ao regime de Omar al Bashir, uma ditadura de corte islâmico que esteve no poder durante 30 anos, em um país que desde sua independência há 66 anos só conheceu governos militares.
Nas ruas, os manifestantes afirmam que não se conformarão até que Burhan deixe o poder, depois que os protestos de 2019 derrubaram o governo de Bashir.
Em meio às manifestações, a ONU tenta reunir os principais atores políticos em uma mesa de negociações.
Na segunda-feira, o emissário da ONU para o Sudão, Volker Perthes, lançou o processo se concentrando em um início de diálogo individual, para depois avançar a uma fase de negociações indiretas.
O diplomata da ONU afirma que "não há nenhuma objeção" por parte dos militares, mas entre os civis muitos rejeitam a negociação ou pedem garantias de que o diálogo não busque "legitimar" o regime no poder.
Nas ruas, há consenso e os manifestantes não querem nem uma "negociação" nem uma "associação" com os militares.
* AFP