Os 39 oponentes detidos na Nicarágua antes das últimas eleições sofreram graves "danos físicos e psicológicos", denunciaram seus parentes nesta sexta-feira (19).
As condições carcerárias "estão provocando danos físicos e psicológicos irreversíveis", alertaram os parentes em nota divulgada esta semana, após uma terceira visita ao presídio de segurança máxima de Manágua, conhecido como Nuevo Chipote.
Sete dos presos se propuseram a competir nas urnas com o presidente Daniel Ortega, que em 7 de novembro obteve seu quarto mandato consecutivo desde que voltou ao poder em 2007.
Segundo a denúncia, os adversários continuam perdendo peso, não têm "acesso regular à luz solar" e alguns permanecem em celas com "luzes acesas 24 horas por dia", enquanto outros "ficam no escuro".
Não possuem material de leitura e estão proibidos de receber roupas ou casacos. "Suas celas são permanentemente vigiadas pela polícia, que os impede, por meio de ameaças, de se comunicarem".
Os familiares reiteraram sua preocupação com o isolamento sofrido por quatro presas, incluindo a ex-guerrilheira sandinista Dora María Téllez e Tamara Dávila.
A situação de Dávila "os alarma", porque está numa cela "totalmente fechada" desde a sua detenção em junho passado.
Conforme relatado, os julgamentos que o Ministério Público promoveu contra todos os detidos por conspiração, lavagem de dinheiro e outros crimes estão "suspensos".
No entanto, os presos continuam a ser "interrogados na ausência dos seus advogados".
Os familiares exigiram que as autoridades suspendessem o tratamento "desumano" e que visitas semanais fossem estabelecidas.
O presidente Ortega descreveu os oponentes presos como "terroristas" e "criminosos" que pretendiam dar um golpe e, mais recentemente, os chamou de "filhos da puta dos imperialistas ianques".
* AFP