O presidente Rumen Radev venceu com folga o segundo turno das eleições na Bulgária, uma vitória que reforça o movimento anticorrupção atualmente em negociação para formar um governo e tirar o país da crise política.
Com o apoio de vários partidos da chamada "mudança", o presidente em final de mandato obteve entre 63% e 65% dos votos, de acordo com estimativas de boca de urna de três institutos.
Seu adversário, o reitor da Universidade de Sofia, Anastas Guerdjikov, de 58 anos, um independente apoiado pelo partido conservador GERB, de Borisov, teria entre 31% e 33% dos votos.
Esta eleição acontece em meio à onda mais letal da pandemia da covid-19. O país tem a menor taxa de vacinação contra coronavírus da União Europeia (UE), com menos de 25% de seus 6,9 milhões de habitantes imunizados, além de um dos índices mais altos de mortalidade por coronavírus no mundo e hospitais lotados.
O primeiro turno aconteceu no fim de semana passado, junto com as eleições legislativas. Nenhum candidato conseguiu maioria absoluta.
Radev foi o mais votado no primeiro turno, com 49% dos votos.
O país está sob um Executivo interino desde abril, e as eleições de julho não conseguiram definir um governo alternativo após 10 anos de comando do primeiro-ministro conservador Boyko Borisov.
Radev, um ex-piloto de 58 anos e membro do alto comando da Força Aérea, foi apoiado pelos socialistas em seus primeiros cinco anos no cargo. Agora, participa como independente e é o político com aprovação mais alta na Bulgária.
Nesta corrida eleitoral, contou com o apoio de uma ampla coalizão que inclui o Continuamos a Mudança. Seus fundadores, Kiril Petkov e Assen Vassilev, ambos graduados na Universidade de Harvard, foram ministros no primeiro governo interino, designado por Radev em maio deste ano.
O partido anticorrupção Continuamos a Mudança, inesperado vencedor das terceiras eleições parlamentares em um ano, espera encontrar aliados para formar um governo que acabe com o impasse de seis meses.
- O presidente da mudança -
"A eleição do presidente influenciará todo o desenvolvimento da Bulgária", disse Petkov, que aspira a ser primeiro-ministro.
A crise governamental se dá em meio ao flagelo da pandemia no país mais pobre da UE.
A Bulgária tem um sistema parlamentarista, e seu presidente desempenha uma função que é, em grande parte, cerimonial, como chefe de Estado e comandante em chefe das Forças Armadas.
Deste modo, o resultado da eleição presidencial não afetará as negociações para a formação de um governo de coalizão. O vencedor toma posse em janeiro.
"Os eixos clássicos de divisão na Bulgária - leste/oeste, direita/esquerda - foram superados por um novo eixo comum em todas as eleições deste ano": o tédio de 10 anos da era Borisov, resumiu o cientista político Antony Todorov, da Nova Universidade da Bulgária.
Após as duas tentativas fracassadas de formar um governo em abril e julho, Radev nomeou duas administrações provisórias que foram duramente criticadas por terem lidado com a pandemia.
No entanto, os governos provisórios foram reconhecidos por revelar casos de corrupção, fraude e má gestão sob Borisov, o que teria favorecido Radev, de acordo com o analista da Gallup, Svetlin Tachev.
* AFP