Ondas de manifestantes se juntaram nesta terça-feira (19) aos protestos que começaram no fim de semana em Cartum para exigir que os militares tomem o controle do Sudão e digam que "ficarão" até que o governo civil caia, desacreditado devido à estagnação política e econômica.
De acordo com o manifestante Altum Ibrahim, este é um meio de "dar um mandato aos militares". "Estamos aqui há quatro dias e ficaremos um mês se for preciso", avisa o homem que veio do oeste do país. "Queremos um conselho militar, não civis ou qualquer outra coisa".
Hisham al Awad, de uma província do norte de Cartum, diz que só partirá se "o Conselho de Soberania do general Burhan divulgar uma declaração destituindo o governo".
O general Abdel Fattah al-Burhan, chefe do Conselho de Soberania - formado por militares e civis - que dirige a transição no Sudão, garante que não previu mudanças no plano anunciado após a "revolução" de 2019.
Na segunda-feira à noite, o general disse ao embaixador britânico em Cartum que todas as autoridades de transição estavam "comprometidas com o sucesso da transição para eleições livres e transparentes para formar um governo civil eleito", relata a agência oficial Suna.
Essas eleições foram adiadas para o final de 2020, na sequência de um acordo de paz com os rebeldes. A última data considerada para as eleições é o final de 2023.
"Queremos um governo de tecnocratas, não de partidários", insiste Mohamed al Awad, que chegou à manifestação à tarde em uma das muitas vans mobilizadas por tribos dos arredores de Cartum.
Os defensores de uma transferência completa do poder para os civis também planejam se mobilizar. Para quinta-feira, eles convocaram "uma manifestação de um milhão de pessoas" em Cartum e outras partes do Sudão.
Na terça à noite, eles protestaram no leste de Cartum gritando "liberdade, paz e justiça!" e "o povo elege os civis!", relataram testemunhas.
* AFP