A liderança do movimento Talibã se reuniu neste sábado (21) em Cabul para conversas com combatentes e veteranos políticos sobre a formação de um governo apenas uma semana após sua tomada do poder no Afeganistão.
O funcionamento interno e a liderança do movimento estão envoltos em mistério, mas aqui está uma breve apresentação dos principais líderes desse grupo radical islâmico.
- Haibatullah Akhundzada, o líder supremo -
O mulá Haibatullah Akhundzada foi nomeado chefe dos talibãs em maio de 2016 em uma transição rápida, dias depois de um ataque de drones nos Estados Unidos ter matado seu antecessor, Mansur Akhtar.
Antes de sua nomeação, pouco se sabia sobre Akhundzada, uma figura religiosa discreta e focada em questões judiciais. Seu papel na vanguarda do movimento era considerado mais simbólico do que operacional.
Akhundzada rapidamente obteve um juramento de lealdade de Ayman al-Zawahiri, o líder da Al Qaeda.
Ele teve a delicada missão de unificar os talibãs, fragmentados por uma violenta luta pelo poder após a morte de Mansur e a revelação de que haviam escondido por anos a morte do fundador do movimento, o mulá Omar.
O insurgente conseguiu manter o grupo unido e continuou a ser bastante discreto, limitando-se a transmitir raras mensagens anuais nos feriados islâmicos.
- Mulá Baradar, cofundador -
Abdul Ghani Baradar é o cofundador do Talibã junto com o mulá Omar, que morreu em 2013, mas cuja morte ficou escondida por dois anos.
Como muitos afegãos, sua vida foi moldada pela invasão soviética em 1979, que o tornou um mujahideen, um lutador fundamentalista islâmico.
Em 2001, após a intervenção dos EUA e a queda do regime talibã, ele fez parte de um pequeno grupo de insurgentes dispostos a concordar com um acordo que reconhecia o governo de Cabul. Mas esta iniciativa não teve sucesso.
Abdul Ghani Baradar era o comandante militar dos talibãs quando foi preso em 2010, no Paquistão. Ele foi libertado em 2018, especialmente sob pressão de Washington.
Ouvido e respeitado pelas diferentes facções talibãs, foi nomeado chefe de seu escritório político, localizado no Catar.
Do país do Golfo, ele liderou negociações com os americanos, o que levou à retirada das forças estrangeiras do Afeganistão.
- Sirajuddin Haqqani, o chefe da rede Haqqani -
Filho de um célebre comandante da jihad anti-soviético, Jalaluddin Haqqani, Sirajuddin é o número dois dos talibãs e o chefe da rede Haqqani.
Essa rede, fundada por seu pai, é classificada como terrorista por Washington, que sempre a considerou a facção combatente mais perigosa diante das tropas dos EUA e da Otan nas últimas duas décadas no Afeganistão.
Também é acusado de ter assassinado alguns altos funcionários afegãos e manter ocidentais como reféns para obter resgate ou mantê-los como prisioneiros, como o militar norte-americano Bowe Bergdahl, libertado em 2014 em troca de cinco presos afegãos da prisão de Guantánamo.
Conhecidos por sua independência, habilidades de combate e relações frutíferas, acredita-se que os Haqqani comandem as operações nas áreas montanhosas do leste do Afeganistão e teriam grande influência nas decisões do movimento.
- Mulá Yaqub, o herdeiro -
Filho do mulá Omar, Yaqub é o chefe da poderosa comissão militar dos talibãs, que decide os rumos estratégicos da guerra contra o Executivo afegão.
Sua ascendência e laços com seu pai, adorado como chefe do regime talibã, fizeram dele uma figura unificadora dentro de um movimento amplo e diverso.
As especulações sobre seu papel exato na insurgência são persistentes. Alguns analistas acreditam que sua nomeação para a chefia desta comissão em 2020 foi apenas simbólica.
* AFP