Pelo menos 69 mortos nos incêndios que assolam o norte da Argélia, alimentados pelo calor extremo e contra os quais bombeiros, soldados e voluntários lutam desesperadamente nesta quarta-feira (11).
Um primeiro balanço oficial afirmou que 28 soldados e 37 civis morreram nos incêndios que começaram na noite de segunda-feira em Kabylia, principalmente na região de Tizi Ouzou.
Posteriormente, a agência oficial APS relatou outras quatro mortes, sem mencionar se eram civis ou militares.
De acordo com o site de informações francófono Tout sur l'Algérie (TSA), vinte pessoas estavam desaparecidas e sendo procuradas intensamente.
O presidente Abdelmadjid Tebboune declarou um luto nacional de três dias a partir de amanhã, segundo um comunicado. As mesquitas vão dedicar a oração da sexta-feira à memória das vítimas.
Circulam nas redes sociais - junto com pedidos de socorro - com árvores queimadas, gado morrendo por sufocamento e povoados cercados por chamas.
Imagens obtidas pela AFP mostram habitantes da região tentando desesperadamente apagar um incêndio, que teve o foco inicial em pequenos galhos secos.
Enquanto a Argélia enfrenta uma onda de calor extremo, os ventos espalham o fogo e complicam a tarefa das equipes de resgate, de acordo com Yucef Uld Mohamed, um bombeiro florestal local, citado pela agência de notícias oficial APS.
- Chamados de ajuda -
O porta-voz da Proteção Civil, Nasim Barnaui, declarou nesta quarta-feira a jornalistas que 69 incêndios ainda estão ativos em 17 localidades. Os mais importantes estão em Tizi Ouzou, que também sofreu o maior número de mortes.
"Abandonei todos os meus pertences em meu vilarejo e fugi com minha esposa e três filhos para a cidade de Tizi Ouzou", contou à AFP Abdelhamid Budraren, um comerciante da pequena cidade de Beni Yeni.
"Felizmente, tenho um apartamento no centro de Tizi Ouzou, onde nos refugiamos com minha família e alguns vizinhos", destacou.
Desde terça-feira, as convocações para a organização de comboios solidários com os moradores das aldeias da região de Tizi Ouzou se multiplicaram nas redes sociais.
Os internautas pedem principalmente doações de alimentos, remédios e ajuda na busca de água para combater os incêndios.
Vários caminhões saíram da capital com equipamentos doados por cidadãos e comerciantes, confirmou um jornalista da AFP.
E, uma página de "Médicos" na rede Facebook publicou uma convocação por voluntários para ajudar a equipe do hospital de Tizi Ouzou.
Nas redes sociais, as autoridades também são instadas a solicitar ajuda internacional.
- Quatro pessoas detidas -
A pista criminal foi mencionada várias vezes pelas autoridades argelinas que, no entanto, não deram detalhes a este respeito.
A rádio pública anunciou a prisão de três "incendiários" em Medeia na terça-feira. Outro foi preso em Anaba, informou a APS.
Segundo o ministro do Interior, Kamel Beldjud, na segunda-feira à noite ocorreram cinquenta incêndios "de origem criminosa", também facilitados pelas condições meteorológicas.
A pior tragédia ocorreu na terça-feira, quando 28 soldados morreram durante a evacuação de aldeões ameaçados pelas chamas, nas montanhas de Bejaia e Tizi Ouzou.
A Argélia é afetada por incêndios florestais todos os anos. Em 2020, cerca de 44.000 hectares de matagal foram queimados.
Segundo os serviços meteorológicos argelinos, a onda de calor extremo no Magreb continuará até 15 de agosto, com temperaturas de até 46 ºC.
Na vizinha Tunísia atingiu 49ºC, mas 15 focos de incêndio no norte e noroeste do país felizmente não causaram vítimas.
* AFP