O chefe da milícia líbia Kaniyat, Mohamed al Kani, acusado de graves violações dos direitos humanos, foi morto nesta terça-feira (27), em Benghazi (leste), pouco antes de ser preso por membros do Exército - informaram fontes militares à AFP.
Mohamed al Kani foi morto a tiros, na granja onde vivia em Benghazi, após ter "resistido" à operação de prisão por "crimes de guerra", relataram as mesmas fontes, sob anonimato.
A milícia Kaniyat, que contava em suas fileiras com cinco irmãos do clã Al Kani, tomou a cidade de Tarhuna em 2015.
Mohamed al-Kani jurou lealdade ao marechal Khalifa Haftar, o líder militar que domina o leste do país e rival do Governo de União Nacional (GNA), que dominava o oeste.
Os irmãos Al Kani impuseram um reinado de terror na região, onde foram eliminando, metodicamente, seus oponentes.
Durante anos, a milícia "sequestrou, torturou, assassinou e, com frequência, desaparecia com seus opositores, ou com prováveis opositores", relata a ONG Human Rights Watch (HRW).
A milícia Kaniyat fez de Tarhuna sua base, quando tentou assumir o controle de Trípoli, em abril de 2019. O exército leal, ao que então era o GNA, repeliu os milicianos no verão de 2020. Em Tarhuna, foram descobertas valas comuns com pelo menos 150 corpos.
Após a derrocada e a morte do ditador Muammar Gaddafi em 2011, a Líbia tenta deixar para trás a violência resultante do confronto entre leste e oeste do país, alimentado pela ingerência estrangeira.
Em Trípoli, foi instituído um governo de transição, herdeiro do GNA, que tenta organizar eleições livres.
* AFP