Uma equipe internacional descobriu o Acheuliano mais antigo do Norte da África, com 1,3 milhão de anos, nos arredores de Casablanca, no Marrocos - relataram nesta quarta-feira (28) pesquisadores marroquinos que participaram do programa de pesquisa.
Até agora, os arqueólogos estimavam que a cultura Acheuliana - conhecida pela invenção de ferramentas de dupla face durante o Paleolítico Inferior - havia se estabelecido 700 mil anos atrás nesta parte do norte da África.
"Com esse novo cálculo, o país se posiciona na escala do continente (africano), onde o Acheuliano está documentado há quase 1,8 milhão de anos na África Oriental, e há 1,6 milhão de anos, na África do Sul", explicou o arqueólogo marroquino Abdeluahed Ben Ncer.
Esta é uma descoberta "importante" que "contribui para enriquecer o debate sobre o surgimento da cultura Acheuliana na África", disse Abderrahim Mohib, codiretor do programa franco-marroquino "Pré-história de Casablanca", em um coletiva de imprensa em Rabat.
Publicada na revista britânica "Scientific Reports", esta investigação mobilizou 17 pesquisadores marroquinos, franceses e italianos.
Baseia-se no estudo de ferramentas líticas e geológicas, extraídas da pedreira "Thomas I", não muito longe de Casablanca, onde se realizam pesquisas desde a década de 1980.
Os arqueólogos descobriram "um dos conjuntos Acheulianos mais completos da África", observou Mohib.
"É muito importante, porque remonta aos tempos pré-históricos, um período complexo e com poucos dados", acrescentou.
As investigações também revelaram "a ocupação humana mais antiga no Marrocos", disse o codiretor, especificando que se tratava de "variantes do Homo Erectus".
Em 2017, no sítio pré-histórico de Jebel Irhud, arqueólogos descobriram os restos mortais do "Homo Sapiens" de 300 mil anos, o mais antigo do mundo.
Esta descoberta alterou a visão da evolução humana.
* AFP