A Guiné e a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciaram oficialmente neste sábado (19) em Nzerekore (sudeste) o fim da segunda epidemia de ebola no país africano, poucos meses após o ressurgimento da doença
Desta vez, o vírus foi derrotado com mais rapidez graças à experiência adquirida em 2013-2016, quando matou milhares de pessoas.
A epidemia começou na área florestal do país e se espalhou para a Libéria e Serra Leoa.
Entre o final de 2013 e 2016, a pior epidemia do mundo desde que o vírus foi identificado em 1976 matou mais de 11.300 pessoas, principalmente na Guiné (2.500 mortos), Libéria e Serra Leoa, três dos países mais pobres do mundo.
A própria OMS admite que este é um número defasado.
Em 2021, a epidemia deixou um total de 16 casos confirmados e sete prováveis. Onze pacientes sobreviveram e 12 morreram, de acordo com um comunicado da OMS divulgado neste sábado. O saldo anterior da organização, na quinta-feira, foi de cinco mortos.
"Tenho a honra de falar neste dia de declaração do fim da doença pelo vírus ebola" na Guiné, disse o chefe da OMS, Alfred Ki-Zerbo, em uma cerimônia em Nzerekore, onde a doença reapareceu em Janeiro.
"Gostaria, em nome do chefe de Estado [presidente Alpha Condé], de declarar o fim do ressurgimento da doença do vírus ebola na República da Guiné", disse a Ministra da Saúde do país, Rémy Lamah.
A cerimônia reuniu cerca de 200 pessoas, incluindo líderes religiosos, nas instalações do Ministério da Saúde em Nzerekore.
Depois de ter declarado oficialmente estado de epidemia em 14 de fevereiro, e seguindo normas internacionais, a Guiné acrescentou na sexta-feira 42 dias sem novos casos, ou seja, o dobro do tempo máximo de incubação, o limite estabelecido para a declaração de fim da epidemia.
O último caso declarado curado foi em 8 de maio, disse um funcionário do Ministério da Saúde à AFP.
Depois de detectados os primeiros casos em Gouecke, na prefeitura de N'Zereke, "as autoridades sanitárias nacionais rapidamente lançaram a resposta, com o apoio da OMS e seus parceiros, valendo-se da experiência acumulada" no combate ao ebola no país e na República Democrática do Congo, de acordo com o comunicado da OMS.
- Reflexos na comunidade -
Durante a epidemia anterior, a relutância das comunidades guineenses em combater o ebola levou à morte de agentes do Estado destacados na Guiné.
Em 2021, graças em parte ao "envolvimento da comunidade, medidas eficazes de saúde pública e uso igualitário de vacinas, a Guiné conseguiu controlar a epidemia e prevenir a sua propagação através das fronteiras", disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, no comunicado .
A OMS afirma ter ajudado a enviar cerca de 24.000 doses de vacinas contra o ebola e apoiado a vacinação de quase 11.000 pessoas de alto risco, incluindo mais de 2.800 profissionais de saúde da linha de frente.
* AFP