A atual onda de coronavírus no estado do Amazonas "é pior do que a sofrida na região entre abril e maio, e o sistema de saúde corre o risco de implodir", alertou nesta sexta-feira (15) o diretor de emergências da Organização Mundial de Saúde (OMS), Michael Ryan.
A situação crítica em toda a América do Sul não deve ser atribuída exclusivamente à nova variante da covid-19 detectada no Brasil, mas ao não cumprimento das restrições em vigor, acrescentou o especialista.
— A situação no Amazonas, e particularmente em Manaus, piorou significativamente nas últimas duas semanas — confirmou Ryan em entrevista coletiva.
— Se as coisas continuarem assim, veremos claramente uma onda que será pior do que a onda catastrófica de abril e maio — acrescentou.
— Seria uma tragédia — explicou Ryan.
—Falta de oxigênio, luvas — descreveu o chefe da OMS.
— E outro problema: os profissionais de saúde são infectados. Quando esses trabalhadores e funcionários de laboratório começam a ficar gravemente doentes, todo o seu sistema [de saúde] começa a implodir — disse Ryan.
O estado do Amazonas foi um dos mais afetados na primeira onda da pandemia, com caminhões frigoríficos habilitados para armazenar corpos que aguardavam sepultamento, e a situação voltou a piorar dramaticamente nas últimas semanas.
Os temores aumentaram com a identificação da região como origem de uma variante brasileira do vírus, que os cientistas dizem ser mais contagiosa.
Essa variante se espalhou pela América do Sul, mas Ryan explicou que a tendência atual na região "pode ser atribuída essencialmente ao não cumprimento de regras básicas de comportamento".
— Não são as novas variantes que estão causando essa transmissão. Elas podem ter um impacto eventualmente (...) mas é muito fácil culpar apenas a nova variante — alertou o especialista. — Também foi tudo o que não fizemos que causou esta nova onda — acrescentou.
O número total de mortes por covid-19 em todo o mundo ultrapassou os dois milhões nesta sexta-feira, de acordo com uma contagem realizada pela AFP com base em balanços oficiais fornecidos pelas autoridades.
A Europa, com 650.560 mortes, é a região mais afetada, à frente da América Latina/Caribe (542.410) e dos Estados Unidos/Canadá (407.090).