Nesta terça-feira (24), a embaixada da China no Brasil voltou a pedir retratação ao deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente Jair Bolsonaro, após declarações dadas por ele sobre uma suposta rede de espionagem cibernética que seria capitaneada pelo país asiático.
"Tais declarações infundadas não são condignas com o cargo de presidente da Comissão de Rel. Ext. da Câmara dos Deputados. Prestam-se a seguir os ditames dos EUA no uso abusivo do conceito de segurança nacional para caluniar a China e cercear as atividades de empresas chinesas. Isso é totalmente inaceitável para o lado chinês e manifestamos forte insatisfação e veemente repúdio a esse comportamento. A parte chinesa já fez gestão formal ao lado brasileiro pelos canais diplomáticos", diz a nota.
Em um texto publicado no seu Twitter oficial, o corpo diplomático declarou que Eduardo Bolsonaro perturba as boas relações entre os países e que segue a "retórica da extrema-direita americana", além de dizer que isso é "ir longe demais no caminho equivocado".
"Instamos essas personalidades a deixar de seguir a retórica da extrema direita norte-americana, cessar as desinformações e calúnias sobre a China e a amizade sino-brasileira, e evitar ir longe demais no caminho equivocado, tendo em vista os interesses de ambos os povos e a tendência geral da parceria bilateral. Caso contrário, vão arcar com as consequências negativas e carregar a responsabilidade histórica de perturbar a normalidade da parceria China-Brasil", declara a embaixada.
Eduardo Bolsonaro escreveu, na segunda-feira (23), uma série de tuítes nos quais manifestou que o Brasil apoiava a iniciativa dos EUA para o 5G e "se afastava da tecnologia da China". "O Governo @JairBolsonaro declarou apoio à aliança Clean Newtork, lançada pelo Governo @realDonaldTrump, criando uma aliança global para um 5G seguro, sem espionagem da China", dizia o texto, posteriormente deletado.
Na sequência, Eduardo Bolsonaro disse que o programa "pretende proteger seus participantes de invasões e violações às informações particulares de cidadãos e empresas. Isso ocorre com repúdio a entidades classificadas como agressivas e inimigas da liberdade, a exemplo do Partido Comunista da China".
Não é a primeira vez em que os tuítes de Eduardo Bolsonaro causam uma resposta diplomática oficial da China, que é o principal parceiro comercial do Brasil. Em março, o deputado, que é presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, responsabilizou a China pela disseminação da pandemia de coronavírus. A embaixada respondeu afirmando que Eduardo Bolsonaro estava indo "cada vez mais longe no caminho errado". Na ocasião, o Senado e a Câmara pediram desculpas ao país asiático.