A Comunidade de Estados da África do Oeste (Cedeao) pediu, nesta sexta-feira (28), à Junta Militar que deu um golpe de Estado no Mali o retorno rápido dos civis ao poder e eleições em um prazo de 12 meses.
A Cedeao pede à Junta "para iniciar uma transição civil imediatamente" e "a instalação rápida de um governo para (...) preparar as eleições legislativas e presidenciais em um prazo de 12 meses", anunciou o presidente do Níger, Mahamadou Issoufou, após uma cúpula do grupo.
Essa transição deve ser liderada por uma personalidade civil reconhecida, e não por um militar, e "nenhuma estrutura militar deve estar acima do presidente da transição", disse Issoufou, que também é presidente interino do Cedeao.
"As sanções serão levantadas progressivamente dependendo "da aplicação" das medidas solicitadas, disse Issoufou.
A Junta Militar pediu o levantamento das sanções, a começar pelo embargo comercial.
"Para um país, o golpe é uma doença grave. Para curá-lo, apenas uma receita: sanções", desafiou Issoufou, defendendo a medida contra a recusa dos militares em restaurar o poder aos civis.
O presidente do Mali, Ibrahim Boubacar Keita, 75 anos, que chegou ao poder em 2013, foi derrubado em 18 de agosto, após dois meses de tensão política.
Keita foi detido com outros altos dirigentes durante a intervenção, mas foi libertado na quinta-feira passada, depois da visita de uma missão do Cedeao.
Embora contasse com o apoio da comunidade internacional e do Cedeao, Keita enfrentou um protesto crescente por sua incapacidade de lidar com a violência jihadista e intercomunitária além da crise econômica e social, em meio à corrupção endêmica.
Os militares "se recusam a voltar ao quartel enquanto o país estiver em guerra, o que exige, mais do que nunca, que o exército se concentre em sua missão tradicional", denunciou Issoufou, referindo-se ao avanço jihadista.
O inimigo busca justamente "explorar o atual vácuo institucional", alertou.
* AFP