Após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sinalizar a diminuição na tensão com o Irã, o mercado financeiro se recuperou do movimento brusco de aversão a risco da noite de terça-feira (7) e a bolsa americana Nasdaq bateu seu recorde histórico, com alta de 1%.
Na madrugada da quarta (8), noite de terça no Brasil, o Irã atacou com mísseis duas bases iraquianas que abrigam militares dos Estados Unidos. O ato foi em retaliação ao ataque americano que matou o principal comandante militar do Irã, o general Qassim Suleimani, na última sexta (3).
Depois da resposta iraniana, o preço do barril de petróleo disparou 5% e foi a US$ 71,75 às 22h (horário de Brasília). O país é um dos principais produtores de petróleo de mundo e tem uma posição geográfica estratégica para o escoamento da matéria-prima do oriente médio.
Além da commodity, o índice de volatilidade VIX, que mede o receio ao risco global, chegou a subir 10,5% na madrugada, com o temor de investidores de uma escalada no conflito entre americanos e iranianos.
O primeiro alívio veio com a afirmação pelo presidente americano de que não houve casualidades no ataque iraniano. Do lado iraniano, o chanceler Javad Zarif declarou que o país "não procura a escalada dos conflitos ou guerra", disse no Twitter.
Com as declarações, o mercado financeiro devolveu perdas e principais bolsas globais abriram em alta nesta quarta. Por volta das 13h30min, Trump fez um discurso conciliador e disse que puniria os iranianos por meio de sanções comerciais e não atos militares.
— Parece que o Irã está se acalmando, o que é uma coisa boa para todos as partes envolvidas e para o mundo — afirmou ele no discurso de cerca de dez minutos.
Após o pronunciamento, o preço do barril do petróleo teve forte queda. O barril de petróleo opera em queda de 3%, a US$ 66,18.
Os índices acionários americanos Dow Jones e S&P 500 aceleraram alta e fecharam próximo a níveis recordes, com valorização de 0,5%. A Nasdaq teve alta de 0,67% e foi a 9.129 pontos, renovando o recorde de 2 de janeiro.
— O discurso de Trump foi bem positivo no sentido de não agravar ou acentuar a tensão com o Irã. Apesar do assunto continuar no radar, tínhamos preocupações de que houvesse uma guerra de maiores proporções — afirma Jorge Junqueira, sócio responsável por ações na gestora Gauss Capital.
Na Europa, Frankfurt fechou em alta de 0,7% e Paris de 0,3%. Londres se manteve estável. As Bolsas asiáticas, que operam durante a noite e madrugada ocidentais, fecharam em queda, antes do discurso de Trump. Tóquio caiu 1,6%, o índice chinês CSI 300, que reúne as Bolsas de Xangai e Shenzhen, 1%.
No Brasil, no entanto, a Bolsa fechou em queda de 0,35%, a 116.247 pontos, puxada por Petrobras, que se desvalorizou com a queda do petróleo. As ações ordinárias (com direito a voto) da petroleira recuaram 1,6%, a R$ 32,05, as preferenciais (mais negociadas) caíram 0,6%, a R$ 30,50.
O real se beneficiou do alívio nas tensões e se valorizou em relação a moeda americana. A cotação comercial do dólar caiu 0,3%, a R$ 4,055. O dólar turismo teve queda de 0,5% e foi a R$ 4,21.
— O mercado gostou do discurso [de Trump], mas não dá para assumirmos que a tensão acabou. Tudo pode acontecer e o Brasil, como emergente de economia fraca, é um dos mais prejudicados pelo temor de investidores — afirma Cristiane Quartaroli economista Ourinvest.