Os militantes de oposição que ingressaram na embaixada da Venezuela no início da manhã deixaram o local por volta das 17h30min desta quarta-feira (13). Ao todo, a ocupação durou pouco mais de 12 horas.
Além do diplomata Tomás Silva, autoproclamado ministro-conselheiro, outros dez apoiadores de Guaidó saíram pela porta dos fundos, para evitar os manifestantes ligados a partidos da esquerda amontoados na entrada principal do local.
Houve um princípio de confusão com os manifestantes, que se debruçaram nas grades e começaram a xingar os aliados de Guaidó. Policiais militares usaram spray de pimenta para dispersar os manifestantes.
O grupo de 20 pessoas contrárias ao governo de Nicolás Maduro ultrapassou os portões da embaixada por volta das 5h (horário de Brasília). De acordo com os apoiadores de Guaidó, eles entraram pacificamente, com autorização de funcionários que teriam "desertado" e aberto os portões. Tomás Silva, ministro-conselheiro e número dois da embaixadora María Teresa Belandria, representante de Guaidó, estava no grupo.
Freddy Meregote, encarregado de negócios da Venezuela no Brasil, nega que funcionários da própria embaixada tenham permitido a entrada do grupo por não reconhecerem o governo de Nicolás Maduro.
— Todos os funcionários da embaixada reconhecem Maduro como presidente legítimo da Venezuela. Não houve isso — afirmou em entrevista.
Um grupo de militantes de esquerda, apoiadores de Maduro, entrou em confronto com a Polícia Militar do Distrito Federal ao tentar ingressar na embaixada. Do lado de fora, os militantes de esquerda e de direita trocaram socos e agressões. Duas pessoas foram detidas na confusão.
O governo do Brasil negou envolvimento na invasão. Inicialmente, a publicação assinada pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI) em rede social falava em invasão por partidários do autoproclamado presidente da Venezuela, Juan Guaidó. Minutos depois, no entanto, a assessoria de imprensa da Presidência divulgou nova versão do texto, em que é retirado o nome do líder que faz oposição ao presidente Nicolás Maduro.
"O presidente da República jamais tomou conhecimento e, muito menos, incentivou a invasão da embaixada da Venezuela", diz o texto atualizado, antes acrescido do trecho "por partidários do Sr. Juan Guaidó". Ainda na mensagem, a assessoria de imprensa do GSI, pasta comandada pelo ministro general Augusto Heleno, diz que "indivíduos inescrupulosos e levianos querem tirar proveito dos acontecimentos para gerar desordem e instabilidade".
Em uma rede social, Eduardo Bolsonaro, líder do PSL na Câmara e filho do presidente Jair Bolsonaro, afirmou que o Brasil "tem responsabilidade com a crise venezuelana provocada pelo socialismo do séc.XXI de Chávez e Maduro".
"Desvios do BNDES para obras na Venezuela e em Cuba financiaram o Foro de SP", continuou. Em outra mensagem, ele afirmou que a "esquerdalha foi para a porta da embaixada da Venezuela no Brasil, quero ver é ir para a Venezuela viver como cidadão venezuelano comum".
O presidente Jair Bolsonaro repudiou "a interferência de atores externos" em uma rede social. Ele disse que o governo está tomando "as medidas necessárias para resguardar a ordem pública e evitar atos de violência, em conformidade com a Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas".
O incidente ocorreu no momento em que a capital do Brasil é sede da Cúpula do Brics e receberá os chefes de Estado da Índia, da China, da Rússia e da África do Sul.