O dia 21 de setembro de 2019 será especial para Tita-Samba Solé. Na data, ele vai comemorar a queda do regime de Jean Bedel Bokassa na República Centro-Africana e recordará sua saída da prisão.
O sábado marcará o 40º aniversário do dia em que Solé foi libertado da prisão de Ngaraba, em Bangui, onde ficou detido durante três anos por um capricho do ditador Bokassa, apesar de ter sido um de seus favoritos e membro de seu círculo político.
Apesar de sua detenção, Solé lembra de "um grande presidente", deposto em setembro de 1979 por um golpe de Estado estimulado pela operação Barracuda do Exército francês, que representou o ponto final do regime de Bokassa, presidente a partir de 1966 e autoproclamado imperador em 1977.
Conhecido no exterior sobretudo por sua extravagante cerimônia de coroação imperial,dente. Nascido em 1954, quando seu país ainda era a colônia francesa Ubangui-Chari, este professor de História morava no fim de 1979 em uma área para estudantes universitários no quarto andar da Torre B.
Atualmente, trabalha no departamento de arquivos da universidade, onde ainda existem vestígios dos saques e da destruição provocados pela guerra.
O professor apresenta um livro amarelado que tem como título "Ngaraba, casa dos mortos". A obra destaca o relato de um ex-detento da prisão de Bangui, um símbolo da repressão de um regime que estava à mercê dos presságios e paranoias de seu todo-poderoso líder.
Em 1979, Mbembele escapou por pouco de ser preso. Vários colegas, assim como seu professor de Matemática, não saíram vivos da prisão.
"A memória de Bokassa tem dupla face", reconhece o professor sobre o ditador que foi apelidado de "ogro".
Solé foi testemunha da violência. Em 1976, o jovem oficial de 23 anos era suspeito de tentativa de seduzir a amante do ex-presidente. Por este motivo, foi detido em uma cela de quatro metros quadrados com outras cinco pessoas, que mal eram alimentadas.
"Não havia dia sem execuções", recorda Solé.
* AFP