Os militares que governam o Sudão dispersaram à força nesta segunda-feira (3) o acampamento popular que havia sido montado há várias semanas diante de seu quartel-general em Cartum, uma operação que deixou pelo menos 13 mortos, de acordo com um comitê médico.
Membros das forças de segurança fortemente armados e em veículos com metralhadoras se deslocaram por toda capital. Tiros foram ouvidos 11 de abril, quando destituíram Al-Bashir por pressão popular.
A oposição anunciou a interrupção dos contatos com o Conselho Militar de Transição e convocou manifestações.
"Anunciamos o fim de qualquer contato político e de negociação com o Conselho golpista", afirmou em um comunicado a Aliança pela Liberdade e a Mudança (ALC), líder dos protestos.
A ALC convocou uma "greve e a desobediência civil total e indefinida a partir de hoje", segunda-feira.
"No momento, não resta ninguém diante do quartel-general das Forças Armadas, apenas os cadáveres de nossos mártires, que não conseguimos retirar", completou a ALC.
A Associação de Profissionais Sudaneses (APS), outra organização à frente dos protestos, citou um "massacre" e convocou os sudaneses à "desobediência civil total para derrubar o Conselho Militar pérfido e assassino".
O ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, a ex-potência colonial, condenou o ataque aos manifestantes, que chamou de "passo escandaloso".
"O Conselho Militar é plenamente responsável por esta ação e a comunidade internacional vai cobrar", escreveu Jeremy Hunt no Twitter.
A embaixada dos Estados Unidos em Cartum exigiu o fim da repressão.
"A operação das forças de segurança sudanesas é injustificável e deve cessar", escreveu a representação diplomática americana em sua conta no Twitter.
O comandante do Conselho Militar, Abdel Fatah al Burhan, visitou recentemente Egito, Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita, três países que expressaram apoio aos militares sudaneses.
Depois de governar o Sudão por quase 30 anos, Omar al-Bashir foi deposto e detido pelo Exército em 11 de abril. A-Bashir foi pressionado por um movimento sem precedentes, que teve início em 19 de dezembro após a decisão do governo de triplicar o preço do pão em um país abalado por uma grave crise econômica.
* AFP