Milhares de sudaneses protestaram em Cartum, em resposta à convocação do movimento de contestação, que lamenta a ausência de avanços nas negociações com os militares, que se recusam a ceder o poder aos civis.
Os manifestantes mantiveram a pressão sobre o Exército, no dia seguinte de dois dias de greve geral em vários territórios do país.
"Estamos aqui para afirmar nossa reivindicação fundamental de um poder civil durante o período de transição, para garantir uma verdadeira transição democrática", declarou à AFP Mohamed Hassan, um jovem manifestante.
"Os objetivos de nossa revolução serão alcançados com nosso pacifismo, não através da violência", afirmou diante da multidão Wajdi Saleh, membro da Aliança pela Liberdade e Mudança.
Desde 6 de abril, milhares de manifestantes acampam em frente a um quartel militar na capital sudanesa. Após pedir aos militares apoio para derrubar Omar al Bashir, agora querem que os generais deixem o poder.
Mais cedo, centenas de mulheres deram início à mobilização. Durante uma "marcha das mulheres", se dirigiram ao quartel general das Forças Armadas para reivindicar que militares cedam o poder aos civis.
"Liberdade, paz, justiça! O poder civil é a escolha do povo!", gritavam as mulheres, de todas as idades, segurando cartazes e bandeiras sudanesas.
"Queremos um Estado civil que garanta todos os nossos direitos como mulheres e nos assegure uma vida digna", disse à AFP Nada Hashem, uma jovem mãe de família.
A marcha desta quinta-feira acontece no dia seguinte de dois dias de "greve geral".
As negociações entre o Conselho Militar de Transição e o ALC foram suspensas em 21 de maio diante da falta de acordo. Ambos os lados querem obter a direção e ter uma maioria de representação no futuro Conselho Soberano, que deverá garantir a transição política durante três anos.
O chefe do Conselho Militar no poder, Abdel Fatah al Burhan, viajou nesta quinta-feira à Arabia Saudita para participar de várias cúpulas.
Em meio aos protestos, o Conselho Militar decidiu "fechar" o escritório em Cartum da rede de televisão catariana Al-Jazeera.
"Os serviços de segurança sudaneses informaram ao diretor do escritório da Al-Jazeera a decisão do Conselho Militar de Transição de fechar nosso gabinete em Cartum", revelou o site da rede de informação.
"A decisão inclui a retirada da autorização de trabalho para os correspondentes e demais funcionários da Al-Jazeera a partir de agora", acrescentou a rede de televisão, que cobria regularmente os protestos.
* AFP