Por Émilie Némorin, 26 anos, gerente de projetos, cidadã francesa e moradora de Paris por oito anos
Notre-Dame é, para mim, a alma de Paris. Um pouco como uma avó que, sentada tranquilamente num sofá confortável, observa a família dela com carinho e uma aura protetora.
Ela foi testemunha de tantas revoluções, de tantos atos de amor, de alegrias e de tristezas, da presença de cristãos do mundo inteiro que ali vão para meditar e para rezar, de amantes de arte e de arquitetura ou simplesmente de curiosos que viajam até Paris e não podem perder a ocasião de vê-la. É, em resumo, um lugar que reúne todas as pessoas. É impossível não se emocionar ao assistir ao espetáculo da beleza desta catedral.
Foi o primeiro monumento que visitei quando viajei a Paris pela primeira vez, aos 11 anos. Desde então, eu sabia que moraria na cidade, pois em torno da catedral também há o Quartier Latin, meu preferido na capital francesa. Vivi por oito anos em Paris, até agosto de 2018, e, nos últimos quatro, morava em Saint-Germain-des-Prés, 10 minutos a pé de Notre-Dame. Sempre gostei de pegar o ônibus que atravessa a Pont Saint-Michel ou de caminhar perto para poder admirá-la, mesmo que fosse apenas por alguns minutos. Por isso, me faltam palavras ao ver este incêndio que destrói a catedral. Só me dá vontade de chorar.