Os "coletes amarelos" retomaram os protestos neste sábado (9), em toda a França. Em Paris, uma pessoa ficou ferida e outras 10 foram detidas. Um homem perdeu a mão durante o protesto e foi retirado pelos bombeiros com o antebraço protegido.
Segundo Cyprien Royer, de 21 anos, uma testemunha que filmou o fim do protesto, a mão foi arrancada por uma granada de dispersão usada pela polícia quando a multidão se aproximava da entrada da Assembleia Nacional. Ele disse que a vítima é um fotógrafo dos "coletes amarelos". O homem estaria registrando as pessoas que empurravam as grades que protegiam a entrada do Parlamento.
— Quando os policiais quiseram dispersar a multidão, recebeu uma granada de dispersão na panturrilha. Ele quis dar um golpe com a mão para que não explodisse na perna, mas, quando tocou nela, explodiu — contou a testemunha.
— Nós o colocamos de lado e chamamos os "street-medics". Foi feio. Ele gritava de dor. Não tinha mais nenhum dedo. Não sobrou quase nada depois do pulso — afirmou.
A polícia local confirmou que um manifestante ficou ferido na mão e foi auxiliado pelos bombeiros, mas não divulgou mais informações.
Esta é a 13ª manifestação desde o início do movimento, enfraquecido depois de três meses nas ruas. Nos últimos dois sábados, a presença foi menor. Segundo o Ministério do Interior do país, 58,6 mil pessoas se mobilizaram em 2 de fevereiro. O movimento afirma que foram 116 mil manifestantes.
— Não podemos nos render. Temos que ganhar para ter mais justiça social e fiscal neste país — disse Serge Mairesse, um aposentado de Aubervilliers, localidade próxima de Paris, que carregava um cartaz reivindicando o restabelecimento do imposto sobre fortunas.
A taxa foi substancialmente reduzida pelo presidente francês, Emmanuel Macron.
— Este movimento expressa a autêntica raiva social neste país, as pessoas que nunca são ouvidas — afirma o homem de 63 anos, que participa de sua 11ª manifestação desde o começo da onda de protestos, em novembro do ano passado.
Segundo uma pesquisa publicada na quinta-feira (7), dois em cada três franceses apoiam o movimento.
Os ativistas acusam os agentes de terem usado balas de borracha contra a multidão, deixando vários feridos. Dois veículos blindados da Gendarmeria estavam estacionados em frente ao Arco de Triunfo, que foi atacado pelos manifestantes em 1º de dezembro. Também havia manifestações previstas em Bordeaux e Toulouse, palco de confrontos nas últimas semanas, e em Lille, Nantes, Rennes e Brest.
O movimento provocou um conflito diplomático entre França e Itália depois que Luigi Di Maio, vice-premiê italiano, reuniu-se na terça-feira (5) com Christophe Chalençon, um dos líderes dos "coletes amarelos".