Depois de uma série de ameaças que aumentou a tensão entre Estados Unidos e Coreia do Norte nos últimos anos, seus principais líderes estarão frente a frente pela primeira vez na história. No luxuoso Hotel Capella, em Singapura, espera-se que Donald Trump e Kim Jong-un deem início ao debate sobre o eventual fim do programa nuclear e balístico do país comunista. Em troca, o país asiático buscaria garantias econômicas e de segurança. O começo da reunião está marcado para as 22h desta segunda-feira (11) pelo horário de Brasília – 9h de terça-feira (12) em Singapura.
Por que a reunião atrai a atenção global?
Porque representa a primeira cúpula da história entre os principais líderes de Estados Unidos e Coreia do Norte. Antes de Trump, nenhum presidente americano, no exercício do cargo, havia encontrado o comandante norte-coreano que estava no poder.
A reunião com Kim foi agendada após a tensão entre os dois países crescer com o avanço do programa nuclear de Pyongyang. O governo de Kim afirma, inclusive, ter desenvolvido mísseis capazes de atingir o território americano. Por conta dos testes, a Coreia do Norte recebeu, nos últimos anos, uma série de sanções impostas pelos Estados Unidos e pela Organização das Nações Unidas (ONU).
– É um momento histórico. Não há precedentes de uma reunião entre os principais líderes dos Estados Unidos e da Coreia do Norte – frisa o coordenador do curso de Relações Internacionais da UniRitter, Pedro Vinícius Pereira Brites.
Quais as origens da tensão?
Washington e Pyongyang enfrentam-se publicamente há décadas. Em 1950, a Coreia do Norte invadiu a vizinha do Sul, dando início ao conflito conhecido como a Guerra da Coreia. À época, Seul teve auxílio de um contingente da ONU liderado pelos Estados Unidos. O cessar-fogo, assinado em 1953, selou a divisão da península sem um tratado de paz.
O que está em jogo e quais são as possíveis consequências?
Espera-se que o encontro dê início ao debate a respeito do eventual fim do programa nuclear e balístico do país comunista, medida defendida pelos Estados Unidos. Em troca, a Coreia do Norte buscaria garantias econômicas e de segurança, já que o país vem sofrendo o impacto das sanções impostas nos últimos anos.
Em manifestação recente, Trump declarou que o encontro com Kim não seria "apenas uma sessão de fotos". Segundo o republicano, a reunião ajudaria a forjar um "bom relacionamento". Coordenador do curso de Relações Internacionais da UniRitter, Pedro Vinícius Pereira Brites menciona que, embora deva terminar sem um acordo, a cúpula poderá servir de pontapé inicial para os avanços em negociações futuras.
– Neste primeiro momento, é muito pouco provável sair uma decisão definitiva. A reunião tem simbolismo. Pode até ajudar Kim Jong-un a se fortalecer no poder, porque a Coreia do Norte busca aumentar sua estabilidade econômica – observa o professor.
O eventual acordo entre os dois líderes também pode auxiliar na assinatura do tratado de paz entre as Coreias. Em abril, Kim havia se reunido com o presidente sul coreano, Moon Jae-in. Na ocasião, os dois líderes se comprometeram a assinar um acordo de paz ainda neste ano.